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São Paulo, segunda-feira, 07 de abril de 2003

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EVENTO

Dramaturgo compôs o texto teatral "Mudança" em forma de novela

Bonassi cria peça de teatro híbrida

DA REDAÇÃO

Misturando gêneros, já em si bastante misturados, a peça inédita "Mudança", do dramaturgo e colunista da Folha Fernando Bonassi, 40, a ser apresentada no ciclo "Leituras de Teatro", apropria-se da forma de novela para se fazer teatro.
O texto será lido pelos atores Gustavo Trestini, Malu Bierrenbach e Monica Guimarães. A direção é de Débora Dubois, que encenou o monólogo de Bonassi e Victor Navas, "Três Cigarros e a Última Lasanha", interpretado por Renato Borghi, na Mostra de Dramaturgia Contemporânea, no Teatro Popular do Sesi, em 2002.
No enredo de "Mudança", uma mulher consegue finalmente comprar a casa própria, utilizando a indenização oriunda da lei dos desaparecidos políticos sob o regime militar, até receber a visita de um homem, imprecisa.
"No dia em que se muda para esse local tão querido, o marido volta para revê-la. É verdade? É um fantasma? Não sei, o personagem masculino conta três versões: que ele morreu, que ele traiu a causa e que ele se cansou da luta. Qual você escolhe? Se a encenação der certo, todas as escolhas serão possíveis", diz Fernando Bonassi.
E o que talvez sobressaia na peça é a estrutura mista, que mescla a constante presença de um narrador, que desenvolve idéias e situações, dissecando-as e as descrevendo, ou mesmo desorientando e despistando o leitor e a platéia, aos diálogos entre o homem e a mulher.
"A voz do narrador, ora acompanha e guia, mas ora confunde o espectador. Esse é o objetivo. O narrador, como os personagens e o espectador, não tem certezas. Essa "instabilidade" é o que me interessa na cena do teatro", afirma o autor paulistano.
Para ele, "Mudança" é uma peça de teatro escrita em forma de novela, para que atores e diretora façam suas escolhas de adaptação. É um híbrido, um texto em trânsito entre as duas formas. "É a tentativa de propor um texto aberto. Um texto que seja um suporte das escolhas narrativas e morais dos criadores envolvidos e não a única versão de um dramaturgo de gabinete", acrescenta o escritor, que já trabalhou em sistema de processo colaborativo com o Teatro da Vertigem, no espetáculo "Apocalipse 1,11".
A liberdade de burilar as sugestões fornidas por Bonassi manifesta-se numa obra com poucas indicações cênicas. Muitas vezes se desconhece a qual personagem pertence determinado discurso. "A ausência de rubricas, eventualmente até não sabermos, ao ler o texto, quem é que o fala, permite que os atores e diretor se posicionem diante dele." O texto será publicado pela editora Objetiva.
A leitura de "Mudança" acontece hoje, às 20h, no auditório da Folha (al. Barão de Limeira, 425, 9º andar, Campos Elíseos, São Paulo). A entrada é franca. Os interessados em comparecer devem fazer reservas das 14h às 18h, pelo telefone 0/xx/11/ 3224-3473.



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