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EVENTO
Dramaturgo compôs o texto teatral "Mudança" em forma de novela
Bonassi cria peça de teatro híbrida
DA REDAÇÃO
Misturando gêneros, já em si bastante misturados, a peça inédita "Mudança", do dramaturgo
e colunista da Folha
Fernando Bonassi, 40, a ser apresentada no ciclo "Leituras de Teatro", apropria-se da forma de novela para se fazer teatro.
O texto será lido pelos atores
Gustavo Trestini, Malu Bierrenbach e Monica Guimarães. A direção é de Débora Dubois, que encenou o monólogo de Bonassi e
Victor Navas, "Três Cigarros e a
Última Lasanha", interpretado
por Renato Borghi, na Mostra de
Dramaturgia Contemporânea, no
Teatro Popular do Sesi, em 2002.
No enredo de "Mudança", uma
mulher consegue finalmente
comprar a casa própria, utilizando a indenização oriunda da lei
dos desaparecidos políticos sob o
regime militar, até receber a visita
de um homem, imprecisa.
"No dia em que se muda para
esse local tão querido, o marido
volta para revê-la. É verdade? É
um fantasma? Não sei, o personagem masculino conta três versões:
que ele morreu, que ele traiu a
causa e que ele se cansou da luta.
Qual você escolhe? Se a encenação
der certo, todas as escolhas serão
possíveis", diz Fernando Bonassi.
E o que talvez sobressaia na peça é a estrutura mista, que mescla
a constante presença de um narrador, que desenvolve idéias e situações, dissecando-as e as descrevendo, ou mesmo desorientando e despistando o leitor e a
platéia, aos diálogos entre o homem e a mulher.
"A voz do narrador, ora acompanha e guia, mas ora confunde o
espectador. Esse é o objetivo. O
narrador, como os personagens e
o espectador, não tem certezas.
Essa "instabilidade" é o que me interessa na cena do teatro", afirma
o autor paulistano.
Para ele, "Mudança" é uma peça
de teatro escrita em forma de novela, para que atores e diretora façam suas escolhas de adaptação. É
um híbrido, um texto em trânsito
entre as duas formas. "É a tentativa de propor um texto aberto. Um
texto que seja um suporte das escolhas narrativas e morais dos
criadores envolvidos e não a única versão de um dramaturgo de
gabinete", acrescenta o escritor,
que já trabalhou em sistema de
processo colaborativo com o Teatro da Vertigem, no espetáculo
"Apocalipse 1,11".
A liberdade de burilar as sugestões fornidas por Bonassi manifesta-se numa obra com poucas
indicações cênicas. Muitas vezes
se desconhece a qual personagem
pertence determinado discurso.
"A ausência de rubricas, eventualmente até não sabermos, ao ler o
texto, quem é que o fala, permite
que os atores e diretor se posicionem diante dele." O texto será publicado pela editora Objetiva.
A leitura de "Mudança" acontece hoje, às 20h, no auditório da
Folha (al. Barão de Limeira, 425,
9º andar, Campos Elíseos, São
Paulo). A entrada é franca. Os interessados em comparecer devem
fazer reservas das 14h às 18h, pelo
telefone 0/xx/11/ 3224-3473.
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