São Paulo, terça-feira, 07 de abril de 2009

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Crítica/"Surf Adventures 2"

Documentário sobre surfe seduz pelas imagens, mas tropeça na narração

Divulgação
Phil Rajzman surfando no Peru, no filme de Roberto Moura

RICARDO CALIL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Há poucas imagens tão cinematográficas quanto a de um surfista deslizando sobre uma onda. Elas têm o poder de resumir o espírito de um esporte -liberdade, movimento, hedonismo, plasticidade- em alguns segundos essenciais, sem precisar recorrer a palavras.
Nesse sentido, não há o que reclamar de "Surf Adventures 2", dirigido por Roberto Moura, um dos produtores do bem-sucedido filme original. O documentário traz cenas espetaculares de surfe colhidas em vários pontos do globo (Peru, México, Austrália, Taiti...), protagonizadas por alguns dos melhores surfistas do país (Marcelo Trekinho, Phil Rajzman, Fábio Gouveia e outros), filmadas de forma original e acompanhadas por boa trilha sonora.
Mas, como se supõe que um documentário sobre surfe não se sustente apenas com o acúmulo dessas imagens, o desafio desse tipo de filme está em como amarrá-las para criar uma narrativa interessante.
Aí surgem alguns percalços em "Surf Adventures 2". O primeiro deles é a narração em off, que traz alguns achados felizes e outros nem tanto ("Na viagem de surfe, toda roubada vale a pena se a onda não é pequena"). O problema é a quantidade: são palavras demais para imagens tão autoexplicativas.
Depois, existe a questão do formato. "Surf Adventures 2" adota o molde mais clássico desse tipo de filme, inspirado no seminal "The Endless Summer" (1966): a "surf trip" de amigos em busca da onda perfeita. Nesse aspecto, o filme de surfe é um pouco como o faroeste: um bando de homens desbravando terreno inóspito para descobrir ao fim que o companheirismo masculino era mais importante do que o objetivo inicial, seja ele domar índios selvagens ou pegar a onda da sua vida. É uma moral velha, mas ainda digna.
O problema de "Surf Adventures 2" é que existe um entra e sai de surfistas em cada uma das viagens retratadas. Fica difícil se apegar aos personagens e entender os laços que se estabelecem entre eles. Aí a lição de gregarismo torna-se um tanto postiça. Para o espectador, é melhor se concentrar nas ondas e esquecer as frases de efeito e a moral da história.


Avaliação: regular


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