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Alemão rege Osesp "flexível" em maio
Maestro Claus Peter Flor comanda orquestra de SP durante o mês inteiro
Entre os compositores nos repertórios dos programas estão os famosos Haydn e Schoenberg e o pouco executado Josef Suk
JOÃO BATISTA NATALI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O maestro alemão Claus Peter Flor, 56, fará a partir de hoje
as próximas nove récitas da
Osesp (Sinfônica do Estado).
Entre os compositores dos três
programas estarão Haydn,
Schoenberg e Gabrieli.
Flor, que já foi o convidado
principal da Sinfônica de Berlim e atuou com a Tonhalle, de
Zurique, a Concertgebouw, de
Amsterdã, ou a Giuseppe Verdi,
de Milão, compara o seu ofício
ao de "um bom cozinheiro".
"Um bom cozinheiro não é apenas aquele que sabe somente
preparar sopa com macarrão.
Precisa fazer outros pratos.
Com as orquestras ocorre o
mesmo."
Eis os principais trechos de
sua entrevista à Folha.
FOLHA - O sr. gosta mais de trabalhar com orquestras com menos
músicos? Há dois anos, regeu com a
Osesp a "Missa", de Bach. Fará agora Gabrieli, Schoenberg e Haydn,
que exigem orquestras bem menores.
CLAUS PETER FLOR - Tenho o privilégio de ter frequentado aulas
de professores que valorizavam
orquestras de qualquer tamanho e de qualquer época. Em
meu último programa com a
Osesp, farei a "Sinfonia nº 2" de
Josef Suk, que exige uma orquestra imensa.
FOLHA - Sobre Josef Suk (1874-1935), como explicar o esquecimento do compositor tcheco?
FLOR - Há épocas em que determinados nomes catalisam
toda a composição. São poucos
os contemporâneos de Bach
lembrados, porque ele catalisou o período final do barroco.
Com Suk ocorreu o mesmo.
Dvorák e Mahler ocuparam o
espaço de referência. Ainda tiveram sorte, porque hoje o
compositor não tem a oportunidade para se desenvolver.
FOLHA - Por quê?
FLOR - Porque somos tributários do cinema, da TV, das imagens. Há uma busca incessante
pelo novo, que supõe a destruição do passado.
FOLHA - O sr. regerá com a Osesp
Giovanni Gabrieli (1554-1612). Não
o incomoda fazê-lo com instrumentos atuais e afinação moderna?
FLOR - Somos donos da contemporaneidade, de nossas sonoridades e de nossos instrumentos. Um bom cozinheiro
não é apenas aquele que sabe
somente preparar sopa com
macarrão. Precisa fazer outros
pratos. Com as orquestras
ocorre o mesmo. Elas devem
ser flexíveis e adaptáveis a muitos estilos.
FOLHA - O sr. já regeu orquestras
importantíssimas na Europa. Em
que patamar classificaria a Osesp?
FLOR - Num patamar bastante
elevado. É por isso que aceitei
voltar para regê-la.
OSESP EM MAIO
Quando: qui. e sex., às 21h30; sáb.,
às 16h30
Onde: Sala São Paulo (pça. Júlio
Prestes, 16, SP; tel. 3223-3966)
Quanto: de R$ 30 a R$ 104
Classificação: não indicado a menores de 7 anos
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