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Carandiru chega ao palco em montagem de Villela
"Salmo 91" é adaptação do livro "Estação Carandiru"
Bruno Miranda/Folha Imagem
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Cena do espetáculo "Salmo 91", que estréia hoje no Sesc Santana, em São Paulo
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Chegou a vez do teatro dar
sua versão para as experiências
de Drauzio Varella como médico voluntário na Casa de Detenção de São Paulo, relatadas
no livro "Estação Carandiru".
Depois do cinema e da televisão, Gabriel Villela dirige a
adaptação do jornalista Dib
Carneiro Neto, "Salmo 91", que
estréia hoje no Sesc Santana.
Na peça, Varella, colunista da
Folha, não aparece. Nem como
narrador. A adaptação opta em
dar voz a dez personagens reais
com os quais o autor conviveu.
A dramaturgia surge na forma
de dez monólogos em tom confessional, com falas dirigidas à
platéia, da boca de cena, sem
que os presos se cruzem.
A intercalação cabe ao único
sobrevivente desse time, Dadá
(interpretado por Pascoal da
Conceição). No dia 2 de outubro de 1992, em que oficialmente 111 presos foram mortos
pela polícia, Dadá desobedeceu
ao pedido da mãe para que lesse o referido salmo. Só o fez depois do massacre: "Mil cairão à
sua direita, e dez mil à sua esquerda, mas a ti nada acontecerá, nada te atingirá".
Encenador marcado pela estética barroca, herança do berço mineiro que o leva a preencher a cena com minúcias, Gabriel Villela, 48, diz deparar
aqui com o desafio do realismo.
"Tenho enorme dificuldade em
lidar com a subtração", diz.
Pelo ensaio a que a Folha assistiu, o vazio é evidente na
grande área do gol que demarca todo o palco, tal qual campo
de futebol. Nas laterais, painéis
evocam o inferno de Dante
Alilghieri em "A Divina Comédia". A tragédia do Carandiru
teria sua origem numa final interna de campeonato que terminou em briga de facções.
Villela diz conceber sua
montagem com um dos princípios da tragédia grega: "A palavra é mais importante que a
ação, como vemos por exemplo
em "Prometeu Acorrentado", de
Ésquilo", afirma.
"Salmo 91" promove reencontro de Villela com o ator
Rodolfo Vaz, do Galpão, 14
anos depois de "A Rua da
Amargura".
SALMO 91
Quando: estréia hoje, às 21h; sex. e
sáb., às 21h; e dom., às 19h
Onde: Sesc Santana - teatro (av. Luiz
Dumont Villares, 579, tel. 6971-8700)
Quanto: R$ 8 a R$ 20
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