CARLOS BOZZO JUNIOR
Especial para Folha

Dois importantes shows de música instrumental brasileira acontecem hoje e amanhã no Supremo Musical, ambos às 21h.
Hoje é a vez do trio Curupira, formado pelo pianista André Marques, 22, pelo baterista Cleber Almeida, 21, e pelo baixista Ricardo Zohyo, 27.
O grupo, que surpreende não só pela técnica, mas também pelo bom gosto, levará ao palco um trabalho composto por sete composições criadas e arranjadas por seus três integrantes.
"Nossas músicas são de origem brasileira. Utilizamos vários ritmos tradicionais, como cateretê, baião, maracatu, xote, frevo, catira, samba, etc. Só que misturamos tudo isso com uma harmonia bem moderna", diz o pianista do trio, que toca há quatro anos no grupo de Hermeto Pascoal.
Já em negociações com alguns selos, os músicos pretendem lançar seu primeiro CD até o final desse ano.
"Temos recebido várias propostas para gravarmos um CD, mas estamos aguardando o momento certo. Não queremos adequar nosso produto, que não é limitado por uma linguagem, a um mercado ou a uma gravadora", diz.
"Estamos entre o popular, o folclórico, o erudito e o jazz, e não vamos mudar isso. A "parada' é brincar com polirritmia, harmonia e ritmos brasileiros, fazendo uma música boa, honesta e agradável de ouvir", afirma o baixista.

Bandolim
Amanhã, o palco da casa apresentará "Somdobando", show de Ronen Altman, 30, bandolinista, compositor, arranjador e professor.
Músico há 18 anos, nascido em Belo Horizonte, Altman estudou bandolim com Lúcio França, Heraldo do Monte, Sérgio Bizeti, Eduardo Gudim, e violão com Pedro Cameron. Com o professor e arranjador Cláudio Leal Ferreira, concluiu os cursos de harmonia e arranjo.
Na bagagem, Altman traz a gravação a trilha sonora do filme "Terra Estrangeira" composta por José Miguel Wisnik.
Embora já tenha acompanhado vários nomes da MPB e da música instrumental brasileira em apresentações no Brasil e no exterior, essa será a primeira vez que Altman traz seu trabalho de compositor ao público.
Vários convidados, entre eles Arismar do Espírito Santo, Eduardo Gudim, Teco Cardoso e Mônica Salmaso, irão dividir o palco com Altman.
"Quero mostrar um som interpretativo, contemporâneo. O bandolim não é uma peça de museu, restrito somente ao choro. Além disso, pretendo apresentar algumas das pessoas que contribuíram muito para minha formação musical", disse o músico, que é um dos integrantes da Orquestra Popular de Câmara.
Acompanhado por Fábio Torres (piano), Lula (violão) e Guello (percussão), o músico tocará temas de Jacob do Bandolim, Avena de Castro, Astor Piazzola, Heraldo do Monte, José Miguel Wisnik, Chico Buarque de Holanda, Pixinguinha, Eduardo Gudin, Arismar do Espírito Santo e Tom Jobim.
No repertório, a suíte "Parafuso" e a valsa "Nanai", ambas compostas por Altman, prometem ser os destaques do show.
Altman também deve gravar seu primeiro CD ainda esse ano, com a participação de vários artistas, entre eles o compositor Guinga.
Dois shows diferentes, que trazem uma singularidade: ambos serão apresentados por músicos muito qualificados, e, curiosamente, ainda tidos como emergentes.
Não é de se espantar, já que Arismar do Espírito Santo, músico genial desde 74, recebeu quase vinte anos depois, em 93, o prêmio revelação na categoria instrumental.
Não espere para conhecer, daqui a duas décadas, o que é bom agora.

Show: Trio Curupira Quando: hoje, às 21h
Show: "Somdobando", com Ronen Altman Quando: amanhã , às 21h
Onde: Supremo Musical (r. Oscar Freire, 1.000, Jardins, tel. 852-0950) Quanto: R$ 10 Patrocinador: Z+G Grey


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