GABRIELA LONGMAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao longo de meses, sete professores e curadores -Giselle Beiguelman, Járed Domício, Marisa Mokarzel, Marcos Hill, Stéphane Huchet, Eduardo de Jesus e Maria Ivone dos Santos- se reuniram para avaliar mais de 2.000 portfólios vindos do Brasil. Integrantes do júri do prêmio Fiat Mostra, selecionaram 30 artistas/grupos para receber prêmio em dinheiro e apresentar suas fotos, telas, vídeos e intervenções em mostra que ocupa o Porão das Artes da Bienal a partir de hoje.
"Não nos preocupamos com critérios de idade ou região, mas procuramos identificar como cada artista elaborou sua estratégia de inserção, aliando pesquisa e inquietação", contou Giselle Beiguelman à Folha. "Escolhemos artistas ou coletivos que souberam resolver tecnicamente aquilo que propunham."
Embora aconteça simultaneamente à 27ª Bienal, a mostra procura expandir a discussão para outros domínios que em nada tocam o "Viver Junto", como a "experiência contemplativa". "Numa época em que falar de estética e contemplação virou tabu, mostramos pinturas e performances, sem tomar partido, questionado a fixação atual pela chamada "interatividade'", diz Marcos Hill.
Entre os destaques da exposição, está "Delivery; Coleção Particular", de Bruno Faria. Em sua intervenção, Faria comprou um quadro em um leilão pela TV, e o exibe na mostra ao lado de um vídeo com as negociações. Pensada pelo Grupo EmpreZa, de Goiânia, a videoinstalação e performance "Salve Salve" vêm discutir significados da independência brasileira. Formada por três vídeos, a obra mostra símbolos do período histórico em questão, em paisagens que aos poucos se tornam "embriagadas", com perda gradativa de nitidez.
Paralelamente à mostra, um seminário sobre temas transversais como "Memória", "Território" e "Arte Digital" acontece hoje e amanhã no Tuca, com convidados de peso, vários deles de fora do Brasil.