São Paulo, sábado, 08 de janeiro de 2005

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TEATRO

Grupo da Unicamp reencena na cidade sua primeira peça, um monólogo sobre a conversão mística de santo Agostinho

Lume celebra 20 anos voltando às origens

Lenise Pinheiro/Folha Imagem
O ator Carlos Simioni durante encenação do monólogo "Kelbilim - O Cão da Divindade", do grupo Lume


THIAGO STIVALETTI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Em 1985, o diretor Luís Otávio Burnier (1956-95) voltava da Europa depois de oito anos de experiência com o chamado teatro físico, que privilegia o corpo do ator no palco. Depois de ter trabalhado com nomes como o mímico francês Étienne Decroux, ele queria criar um grupo de pesquisa teatral dentro de uma universidade. Em Campinas, juntou-se a um de seus alunos, o ator Carlos Simioni, e sozinhos passaram dois anos na Unicamp criando uma nova técnica corporal.
Nascia assim o grupo Lume, hoje com sete atores fixos e uma reputação internacional consolidada. Motivos para comemorar os 20 anos de existência não faltam. A companhia trabalhou ao longo dos anos com nomes prestigiados do teatro internacional, como o japonês Natsu Nakajima e o dinamarquês Iben Nagel Rasmussen, e já se apresentou em 22 países. A última peça do grupo, "Shi-Zen, 7 Cuias" (2004), dirigido pelo japonês Tadashi Endo, teve três indicações ao Prêmio Shell.
Para iniciar as celebrações, o grupo volta às origens e reencena, a partir de hoje, no Sesc Belenzinho, seu primeiro trabalho, "Kelbilim - O Cão da Divindade", de 1988. Acompanhado de um coro de 12 vozes, Simioni interpreta um monólogo sobre a penosa conversão ao cristianismo de santo Agostinho (354-430 d.C.).
"Estávamos à procura de algo entre o grotesco e o belo, o doloroso e o prazeroso", diz o ator. "O maior tema da peça é o grito de dor de um ser humano que está diante da escolha entre a carne e a espiritualidade." O grupo incorporou textos de Hilda Hilst e do historiador Giovani Papini.
Mas "Kelbilim" não é o único espetáculo do Lume a reestrear. Oito peças do grupo, como "Café com Queijo" (99), serão encenadas em 14 capitais. Em São Paulo, as peças serão exibidas em março. Os dois novos trabalhos do grupo, "Chapéu" e "Sopro", só devem estrear no fim do ano.

KELBILIM - O CÃO DA DIVINDADE.
Onde: Sesc Belenzinho (av. Álvaro Ramos, 915, tel. 6602-3700). Quando: sáb. e dom., às 19h. Quanto: R$ 10.



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