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"West Side Story" ganha 1ª montagem brasileira
Espetáculo de Jorge Takla estréia hoje, com elenco quase idêntico ao de "My Fair Lady"
Musical, que estreou em 1957 nos EUA, narra a história de Tony e Maria, Romeu e Julieta de NY separados por gangues rivais
LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL
Cinco dos seis protagonistas
da primeira montagem brasileira do musical "West Side
Story", que estréia hoje, em São
Paulo, atuaram na encenação
mais recente de "My Fair
Lady", no ano passado. O diretor dos dois espetáculos é o
mesmo, Jorge Takla, 57, que assim explica a "panelinha":
"Para certos papéis, você não
pode chamar alguém que não
tenha experiência. Precisa ter
resistência física, que vem com
o fato de fazer musicais durante alguns anos seguidos. Você
não vai investir milhões em cima de alguém que nunca fez
nada."
São R$ 5 milhões, para ser
mais preciso (além de R$ 1,5
milhão mensais necessários
para a manutenção ao longo da
temporada, até o fim de julho),
que foram desembolsados para
contar a história de Tony e Maria, Romeu e Julieta nova-iorquinos separados não por suas
famílias, mas por gangues de
rua rivais; no lugar dos clãs
Montecchio e Capuleto, entram os Jets e os Sharks.
O espetáculo estreou na
Broadway em 1957 e foi levado
ao cinema quatro anos mais
tarde, em produção premiada
com dez Oscars.
Takla diz que sempre teve
vontade de trazer o espetáculo
"West Side Story" à cena brasileira, por se tratar de "um divisor de águas, um dos dois ou
três que mudaram o musical,
pelo grau de sofisticação da
dramaturgia [de Arthur Laurents] e da coreografia [criada
por Jerome Robbins]".
A concretização do projeto
levou tempo, avalia ele, porque
"até alguns anos atrás, não havia quem pudesse fazer esses
papéis; chamávamos cantores
líricos ou populares [para atuar
nos espetáculos], mas não tinham agilidade para dançar".
Para Takla, o sucesso dos
musicais na última década e o
surgimento de leis de fomento
ao teatro incentivaram os atores a investir em formação em
canto e dança; assim, "reconquistaram" os postos ocupados
pelos cantores.
"Não é franchising"
No palco do teatro Alfa, 43
atores (sendo 37 neófitos, segundo o diretor) encenarão a
queda-de-braço entre os Jets e
os Sharks, em 35 números musicais. A tradução das letras de
Stephen Sondheim (o mesmo
de "O Barbeiro Demoníaco da
Rua Fleet") ficou a cargo do
onipresente Claudio Botelho.
Takla, que comprou os direitos de texto e música de "West
Side Story", afirma ter feito
uma montagem original. "Não
é franchising [que implica remontagem fidelíssima à matriz], que é o que se faz na [produtora] CIE Brasil [de "O Fantasma da Ópera" e "Chicago']."
Diretor da divisão de teatro
da produtora entre 2002 e
2004, ele logo abranda o tom.
"Na CIE, aprendi muito em termos técnicos. Saí por motivos
pessoais; queria criar livremente, sem seguir um padrão que
prenda, castre. Lá, fiz um trabalho mais administrativo."
A liberdade criativa que ele
almeja se traduz, na montagem
de "West Side Story", na introdução de elementos que remetam à cultura brasileira? "Dar
uma cor local é algo que diminui qualquer obra, tira sua universalidade. Em qualquer espetáculo, o que dá a alma é a língua em que se fala. No caso do
Brasil, a interpretação dos atores, mais calorosa e emocionante do que a média, é outro
fator que aproxima o público."
WEST SIDE STORY
Quando: qui. e sex., às 21h; sáb., às
17h e às 21h; dom., às 18h; até 27/7
Onde: teatro Alfa (r. Bento Branco de
Andrade Filho, 722, tel. 5693-4000 e
0300 789 3377; informações no site
www.teatroalfa.com.br)
Quanto: de R$ 40 a R$ 150
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