São Paulo, sábado, 08 de abril de 2006

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MÚSICA

Realizado em Atibaia, evento espera receber 5.000 pessoas; entre as atrações, estão o Supergrass e o Mission of Burma

Campari Rock cede espaço à eletrônica

Divulgação
A dupla eletrônica Terence Fixmer e Douglas McCarthy, que se apresenta hoje à noite no festival Campari Rock, em Atibaia


THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

O título tem a referência roqueira, mas a segunda edição do Campari Rock, que acontece hoje em Atibaia (Grande SP), cederá espeço generoso à eletrônica.
Entre as dez atrações do evento, duas têm nas batidas sintetizadas sua alma: os mineiros Digitaria e a dupla Fixmer & McCarthy, formada pelo vocalista britânico Douglas McCarthy e pelo produtor francês Terence Fixmer. E era para ser mais: o também produtor (produtor aqui para chamar aqueles que criam música eletrônica e se apresentam ao vivo, e não em DJ set) e também francês David Carretta iria fechar o festival, mas cancelou a vinda ao Brasil por problemas de saúde.
Os sobreviventes do britpop Supergrass e a banda cult norte-americana Mission of Burma elevam o espírito roqueiro do evento, que tenta trazer para o país o clima dos festivais de verão europeus, que acontecem em fazendas e grandes áreas verdes.
Após um show para poucos, ocorrido em uma terça-feira de novembro passado, no Saint Patrick's Pub, Douglas McCarthy e Terence Fixmer ganham a chance de se apresentar para público maior -são esperadas cerca de 5.000 pessoas em Atibaia.
"Quem estava naquele show nos conhecia bastante, então foi muito bom", diz McCarthy. Em espaço menos apertado, a apresentação muda. "A dinâmica da performance muda. Tentamos criar uma atmosfera grande, como o evento em si. Mas já tocamos em festivais enormes, para mais de 10 mil pessoas. Estamos acostumados. E, quando eu era mais jovem, a melhor maneira de enfrentar minha timidez no palco era correndo de um lado para o outro e gritando ao microfone..."
Essa outra época a que se refere McCarthy era a segunda metade dos anos 80, quando ele liderava o Nitzer Ebb, importante nome da EBM (eletrônica pesada, suja). Terence Fixmer era fã do Nitzer Ebb e, com o final da banda, ele chamou McCarthy. Os dois lançaram em 2004 o álbum "Between the Devil". Um segundo está previsto para o final do ano.
Mas, antes, o vocalista prepara um retorno de seu antigo grupo. O Nitzer Ebb está escalado para o festival Monegros, que acontece em julho na Espanha. "Talvez, em outubro, façamos uma turnê por México e América do Sul."

Digitaria
O quarteto mineiro Digitaria apresenta no festival o electro que fez o grupo ganhar contrato com o selo alemão International Deejay Gigolo, do DJ Hell. O disco, homônimo, teve lançamento também no Brasil.
"Somos quatro pessoas que cresceram ouvindo coisas muito diferentes, mas temos a mesma forma de encarar música, os mesmos desejos", diz Daniel Albinati, sobre a banda. "Temos influências de Suicide, punk rock, electro, Leonard Cohen."
Guitarra, teclados e sintetizadores são usados pelo Digitaria em seus shows, para tentar driblar uma certa monotonia vista em algumas apresentações de produtores de eletrônica. "Não há dúvida que a eletrônica é nossa primeira linguagem. Mas mantemos as portas abertas. O show tem energia, tentamos ser o mais caloroso possível, porque existe uma idéia de que eletrônica é coisa fria, de um produtor atrás de um laptop."
Albinati procura se esquivar do rótulo de "banda de electro". "O que fazemos não é apenas electro. O electro como fenômeno underground, de explosão, realmente passou, mas ao mesmo tempo vemos electro no rap, no disco da Madonna, em todos os lugares."


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