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SHOW
Instrumental Sesc Brasil passa para as terças, com repertório que mescla sotaque regional, jazz e samba
Vitrine de bons instrumentistas muda de dia
CARLOS CALADO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Quem passa pela avenida Paulista, no centro de São Paulo, nos
finais das tarde das segundas-feiras, já se acostumou a ver a longa
fila de espectadores postados em
frente ao Sesc. Desde 1990, ali
acontecem os shows gratuitos do
projeto Instrumental Sesc Brasil,
tradicional ponto de encontro dos
fãs do gênero, que terá novo dia e
horário: terças, às 19h.
"Vamos correr riscos no início,
mas achamos que poderemos fixar esse novo dia", diz Danilo Miranda, diretor regional do Sesc SP.
A mudança, segundo ele, se deve
ao fato de a unidade da avenida
Paulista passar a fechar às segundas-feiras para poder funcionar
aos sábados e domingos.
Mentor do projeto instrumental, Miranda lembra que sua determinação de incentivar essa
vertente já rendeu situações curiosas. "Eu brincava, no começo,
dizendo que não queria canários
no projeto. Não queria que ninguém cantasse, quando muito um
vocalise", diverte-se, contando
que alguns músicos até foram advertidos, por zelo da produção, ao
tentar incluir canções nos shows.
"Temos instrumentistas fantásticos no país. Então pensamos
que isso tinha de ser mostrado de
maneira expressiva", argumenta
Miranda. "A instrumental, para
mim, é a expressão mais refinada
da música, porque ela se comunica sem usar a palavra. Não que o
músico seja melhor do que o poeta, mas eles não precisam estar
necessariamente juntos."
Para marcar a nova fase do projeto, que, em 16 anos, gerou mais
de 700 shows, o Sesc Avenida
Paulista programou para este mês
quatro atrações que se destacam
na cena instrumental, compondo
um variado painel de tendências
(veja quadro ao lado).
A atração de amanhã vem do
Rio de Janeiro. A flautista Andréa
Ernest Dias e o pianista Tomás
Improta gravaram há pouco, pelo
selo Biscoito Fino, um álbum que
chama a atenção não só pelas
criativas performances, mas pelo
ecletismo do repertório. Utilizando boas doses de improvisação, o
duo interpreta obras de Moacir
Santos, Villa-Lobos, Cole Porter e
Gabriel Fauré.
Veterano no gênero, o conceituado pianista carioca Gilson Peranzzetta lança, no show do dia
16, "Manhã de Carnaval - Brazilian Standards", seu 32º álbum. À
frente de seu trio, ele imprime lirismo e elegância em versões de
clássicos da MPB assinados por
Johnny Alf, João Donato e Luiz
Bonfá, entre outros.
Atração do dia 23, o violonista
paulista Carlinhos Antunes e seus
parceiros da Orquestra Mundana
lançam um álbum com composições próprias, que surpreendem
pela inusitada combinação de influências, fundindo ritmos regionais brasileiros, músicas da África
e do Leste Europeu.
Já no dia 30, os integrantes do
Sambajazz Trio -Kiko Continentino (piano), Luiz Alves (contrabaixo) e Clauton Sales (bateria)- mostram como atualizaram, no saboroso CD "Agora
Sim!" (Guanabara Records), a receita do samba-jazz da década de
60. São quatro shows que somente vêm comprovar o alto nível da
música instrumental produzida
atualmente no Brasil.
Carlos Calado é jornalista e crítico musical, autor do livro "O Jazz como Espetáculo", entre outros
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