GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Em sua versão animada para o conto "As Aventuras de Pinocchio", do escritor italiano Carlo Collodi (1826-1890), a Disney suprimiu um dedinho de violência presente na história do famoso boneco de madeira, tornando-a mais apropriada para o público infantil. O espetáculo "Pinocchio", do grupo Giramundo Teatro de Bonecos, que estréia hoje no teatro Sesc Anchieta, apresenta uma versão bem mais próxima do texto original.
A cena em que Pinocchio vai para a forca, por exemplo, não está no filme. No espetáculo, entretanto, ela aparece. "A visão da Disney é a de um Pinocchio amortecido, aparado em suas arestas mais interessantes", diz Marcos Malafaia, que assina a direção do espetáculo com Beatriz Apocalypse e Ulisses Tavares. "É engraçado como, ao trazer para a realidade de hoje um conto infantil do século passado, as pessoas acham que a história se torna adulta. Quem decidiu isso foi o público.
Nós fizemos a peça também para as crianças", explica.
Para o diretor, a plasticidade do espetáculo ajuda a prender a simpatia do público adulto. O Giramundo foi criado nos corredores da Faculdade de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte, nos anos 70, e até hoje mantém, como cerne de seu trabalho, a elaboração visual dos cenários e de seus bonecos.
"Agora, há referências ao artista plástico Farnese de Andrade. Utilizamos restos de demolições na construção dos bonecos", diz Malafaia.
A partir de 12 de maio, dois espetáculos que integram o repertório do grupo ("Caatinga e "Cerrado", de fato, mais apropriados para crianças) estréiam na Unidade Provisória Sesc Avenida Paulista.