São Paulo, segunda-feira, 08 de junho de 2009

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Crítica/"Um Homem de Moral"

Humor e simpatia de Paulo Vanzolini garantem interesse de documentário

Divulgação
O zoólogo e compositor Paulo Vanzolini, 84

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

Em sua primeira fala em "Um Homem de Moral", o zoólogo e compositor Paulo Vanzolini, 84, diz que deve tudo à cidade de São Paulo. E os melhores momentos do documentário de Ricardo Dias são aqueles em que as imagens da metrópole dialogam com as canções do autor de "Samba Erudito", "Cuitelinho" e "Volta por Cima".
É ali, nesses quase videoclipes urbanos, que se mostra ora a simbiose, ora o desacordo (por anacronismo), entre a cidade e a palavra cantada de Vanzolini. Não fosse por eles, o filme seria apenas mais um documentário convencional, alternando depoimentos e canções interpretadas no palco ou no estúdio por gente como Chico Buarque, Paulinho da Viola, Martinho da Vila e Miúcha.
Dois "ganchos" factuais propiciaram esse desfile de famosos: a realização de um concerto e a gravação de uma série de CDs, ambos em tributo a Paulo Vanzolini.
Alguns temas interessantes, apenas esboçados, mereciam um aprofundamento maior, como a inserção da música de Vanzolini no chamado "samba paulista", em particular sua relação com a obra de Adoniram Barbosa, outro célebre cronista da Paulicéia. Este último aparece numa preciosa imagem de arquivo, mas se limita a dizer que Vanzolini era um compositor culto e ele, um iletrado.
No mais, sucedem-se histórias engraçadas, como a de "Ronda", campeã nos karaokês, onde a maioria dos intérpretes amadores escreve seu título com "h", "Honda".
A rica e variada produção musical do retratado -que vai de bolero à toada caipira- é exibida com integridade e respeito. O humor gaiato e a simpatia cativante de Vanzolini se encarregam de completar a fatura, fazendo de "Um Homem de Moral" um programa no mínimo saboroso.

Avaliação: bom


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