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Trilha em mostra contraria curador
Colocada à revelia de Adriano Pedrosa, música tropicalista foi transmitida nos espaços do Panorama
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando concebeu o 31º Panorama da Arte Brasileira, no
Museu de Arte Moderna de São
Paulo, o curador Adriano Pedrosa decidiu não apresentar
artistas brasileiros, gerando
polêmica no circuito.
Em vez de artistas brasileiros, o curador pretendia apresentar artistas que trabalham
com a cultura brasileira. Depois, chegou a incluir uma brasileira, a mineira Tamar Guimarães, que vive em Copenhague, na Dinamarca, e nunca tinha sido vista aqui.
Anteontem, a mostra -que
foi inaugurada no último sábado- incorporou vários brasileiros, à revelia de Pedrosa:
uma trilha sonora de músicas
dos tropicalistas Caetano Veloso e Gal Costa, ou canções de
bossa nova, entre outras, podia
ser ouvida ao longo de todo o
percurso da exposição.
"Soy Loco por Ti America",
de Capinan e Gilberto Gil, na
voz de Caetano, por exemplo,
era a música que tocava, anteontem, por volta das 17h.
"Será que é alguma sabotagem?", comentou Pedrosa,
quando soube da trilha musical, ontem pela manhã, por
meio da reportagem.
"No domingo, alguém escreveu "Ianques go home", com i
mesmo, justamente ao lado da
Tamar, a única brasileira da
mostra", disse o curador.
DJ
Segundo a Folha apurou, a
ideia de ter trilhas sonoras nas
exposições partiu da presidente da instituição, Milú Villela, e
levou o MAM-SP a ter um projeto denominado "DJ Residente", para sonorização de espaços do museu.
No sábado, durante a abertura, Milú Villela disse à Folha
que "em 14 anos de museu,
nunca vi uma exposição tão bonita aqui".
Segundo a assessoria de imprensa do MAM, "a equipe do
som do auditório do museu colocou a trilha, que foi feita para
a abertura, sem consultar o curador". Ontem, depois de procurado pela Folha, Pedrosa pediu para retirar a trilha. "Não
quero, até porque há obras que
têm música na mostra", afirmou à Folha.
Intitulada "Mamõyguara
Opá Mamõ Pupé", que em tupi
antigo significa "estrangeiros
em todo lugar" e é um trabalho
do coletivo francês Claire Fontaine, o Panorama tem cerca de
35 artistas, em sua maioria latino-americanos. A exposição
segue até 20 de dezembro.
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