São Paulo, quarta-feira, 09 de outubro de 2002

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ARTES

Exposição da portuguesa Graça Pereira Coutinho usa fotografias e vídeos para retratar capacidade de recuperação

"The Walk" dá corpo à fragilidade humana

Divulgação
Performance que pode ser vista em "The Walk", mostra da artista plástica Graça Pereira Coutinho


DA REDAÇÃO

Vindos de Brasília, de onde participaram da 4ª Cimeira de Países da Comunidade de Língua Portuguesa, cerca de 60 trabalhos da artista portuguesa Graça Pereira Coutinho ganham espaço hoje no Centro Brasileiro Britânico, integrando a mostra "The Walk".
A mistura de países e, em alguns trabalhos, línguas reflete um pouco da própria vida de Graça: nascida em Lisboa, a artista plástica, 53, vive há 31 anos na capital da Inglaterra, onde travou contato com boa parte de suas influências, como Matisse, Bonnard, Agnes Martin, Eva Hesse e Richard Long.
Referências que hoje não são mais tão patentes. "Quando eu era mais nova, havia influências mais diretas. Foram maravilhosas. Portugal naquela altura era um país muito pequenino, fascista e, de repente, eu cheguei a Londres e abriu-se-me um mundo de ótimos museus, os contemporâneos todos, uma influência extraordinária... Hoje já está uma coisa muito mais consolidada, já sou mais madura. Tento explorar a minha própria linguagem."
Nesses mais de 30 anos, a linguagem de Graça teve como suporte grades como as de Agnes Martin, materiais orgânicos como palha e espaguete, correspondências e macas. Estes podem ser considerados os retratos de seu contato com o mundo: seja para coordenar a matéria orgânica, no caso das grades, para constatar a efemeridade dessa matéria, para cifrar e decifrar mensagens, caso das cartas de "Letters to My Mother", ou para registrar sua visão da violência, como as macas de "Anatomias Contemporâneas".
Primeira individual de Graça (que esteve na Bienal Internacional de SP de 1979) no país, "The Walk" traz 45 fotos, nove pinturas, dois vídeos e uma instalação. As fotografias pontuam a performance, documentada em vídeo, em que a artista anda, cai e se levanta. O curso da humanidade, talvez, o curso de quase todos os humanos e um pouco do que acontece dia a dia à mulher. "Este projeto tem a ver com a fragilidade dos seres humanos e sua capacidade de recuperação. Principalmente nós, mulheres, temos essa capacidade inerente. Acontecem-nos muitas desgraças, mas nós levantamo-nos sempre. Há mulheres em situações terríveis, mas continuam a cuidar de sua vida, das crianças. O vídeo tem um bocadinho a ver com isso."
(ALEXANDRA MORAES)



GRAÇA PEREIRA COUTINHO - Quando: hoje, às 20h, para convidados; de seg. a sex., das 10h às 19h; sáb. e dom., das 10h às 16h. Onde: Centro Brasileiro Britânico (r. Ferreira de Araújo, 741, Pinheiros, tel. 3039-0553). Quanto: entrada franca.


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