São Paulo, quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

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"Igual a Você" encena crises humanas

Peça de Ernesto Piccolo apresenta casos de transtornos cotidianos de homens e mulheres contemporâneos

Para o diretor, textos colocam uma lente de aumento sobre muitos problemas comuns do dia a dia do brasileiro

GABRIELA MELLÃO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A atriz Camila Morgado está num estúdio de gravação, ali, diante da farinha, dos ovos e dos demais ingredientes do bolo que irá preparar ao vivo. Atenção, faltam 30 segundos pra ir ao ar, diz uma voz em "off".
Ela começa a suar frio, se atrapalha. Respira insistentemente. Quer abandonar o programa. Ao ser acolhida por seu ponto, abre o coração e confessa o nervosismo que subitamente lhe ataca. Dez segundos, responde a voz.
A boca tremelica, a transpiração se intensifica. O desespero toma conta, e, com ele, o temor de que seu suor escorra sobre a farinha.
A partir de amanhã, Camila Morgado vai sofrer este ataque de pânico de sexta à domingo. Ele é fictício, uma das esquetes que compõem a comédia "Igual a Você", dirigida por Ernesto Piccolo.
O espetáculo, que tem atuação de Anderson Muller e Bia Nunnes, reúne textos inéditos, escritos por Adriana Falcão, Lícia Manzo e outros autores pincelados por Bela Leporage, idealizadora e produtora da montagem.
Apresenta casos de transtornos comportamentais do homem contemporâneo que se tornaram mais comuns do que gripe neste mundo destemperado de hoje. Segundo Piccolo, os textos colocam uma lente de aumento sobre problemas do cotidiano. "É uma chance de rir das nossas mazelas", diz.
Na vida real, Camila Morgado escapou da síndrome do pânico. "Até o momento, pelo menos", brinca. Não teve a mesma sorte com insônia, TPM, entre outros pequenos distúrbios. "Confesso que o ator é meio paranoico. Essa profissão é muito exposta. A vaidade e os personagens que interpretamos acabam nos perseguindo".
Camila enxerga "Igual a Você" como uma oportunidade para vivenciar uma catarse coletiva. "A comédia tem essa função. O riso faz as pessoas liberarem seus nós, esquecerem um pouco os problemas. E no momento em que você para de focar no que te angustia, fica mais leve, se transforma."

IGUAL A VOCÊ

QUANDO sex., às 22h, sáb., às 21h30, e dom., às 19h; até 24/4
ONDE Teatro Raul Cortez (r. Doutor Plínio Barreto, tel. 3254-1700)
QUANTO de R$ 40 a R$ 50
CLASSIFICAÇÃO 16 anos


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