São Paulo, quarta-feira, 10 de abril de 2002

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ARTES PLÁSTICAS

Programa anual amplia o formato e inclui críticos que vão apoiar os artistas escolhidos para este ano

Foto rouba a cena em mostra no CCSP

ANA WEISS
DA REDAÇÃO

O Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo abre o ano hoje com formatação ampliada. A exposição coletiva, que há 11 anos cumpre a função de abrir as portas do circuito das artes plásticas para artistas em início de carreira (começou por lá gente como a hoje internacionalmente conhecida Sandra Cinto), recebe 21 artistas selecionados de 453 inscrições de todo o país.
Só que este ano não apenas "novos" artistas saem da mostra coletiva. O programa a partir de agora também vai mostrar o trabalho de "novos" críticos de artes, escolhidos para acompanhar o trabalho desses artistas.
"Os jovens selecionados muitas vezes sentem-se inseguros para simplesmente apresentar os trabalhos, sem nenhum tipo de orientação", explica a curadora Stella Teixeira de Barros, diretora da Divisão de Artes Plásticas do espaço e autora do projeto que inclui a crítica nas montagens das mostras. Foram convidados para começar o trabalho em parceria com os artistas os críticos Ana Paula Cohen, Carla Zaccagnini, Fabiana Werneck, Rafael Maia Rosa, Taisa Palhares, Tatiana Blass e Tiago Mesquita, este último também crítico da Folha.
Embora a escolha dos artistas tenha sido bem diversificada em linguagens e conceitos, a fotografia dá a tônica da exposição. Não pelo número de representantes do setor, mas pela força de algumas participações. Duas delas: a do fotógrafo Amílcar Packer e a da artista Mila Milene Chiovatto.
Nenhum é exatamente novato. Ambos já tiveram os trabalhos vistos em mostras importantes. O primeiro, de 28 anos, destaque da mostra "Panorama" do MAM de 2001, coloca sua experiência com a pesquisa técnica em fotografia a serviço de um projeto conceitual. Suas imagens, auto-retratos, são resultado de cenas capturadas fotograficamente de vídeos que realiza em casa. Packer deixa a câmera funcionando enquanto realiza performances com objetos domésticos. Uma de suas proposições é realizar um recorte no tempo. Recorte em grandes formatos que ele emoldura em caixas coloridas. Na exposição, estão em cartaz três deles.
As fotografias de Chiovatto, 38, por sua vez, aproximam-se da pintura. Suas imagens são compostas quase de uma cor só, uma espécie de sépia em tonalidades tão sutis que o técnico responsável pela revelação quase não conseguiu achar o registro da fotografia no filme.
Suas cenas, também domésticas, são feitas a partir de vestígios, como a poeira de uma prateleira ou a marca na parede deixada por uma relógio que ali esteve pendurado por mais de 20 anos.
A aparência é de uma aquarela de uma cor e muitos tons, mas que apesar dessa impressão de apagamento pode ser vista à distância por quem entra no piso Caio Graco.
Outra que também não vem do berço da fotografia, mas que usa o meio nesta exposição é Ana Kalaydjian. Autora de repertório também ligado ao universo doméstico, ela exibe suas xícaras de café (referência à tradição armênia da leitura da borra da bebida) em grandes imagens circulares.


PROGRAMA DE EXPOSIÇÕES DO CCSP.
Curadoria: Stella Teixeira de Barros. Quando: hoje, para convidados, às 19h; a partir de amanhã, de ter. a sex., das 10h às 19h; sáb. e dom., das 10h às 18h. Quanto: entrada franca.




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