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São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 2003

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DANÇA

Companhia apresenta três coreografias, entre elas a inédita "Anéis", que tem música de Adriana Calcanhotto

Cisne Negro encena universo feminino

KATIA CALSAVARA
DA REDAÇÃO

Clássico, moderno, pop. Com três coreografias absolutamente distintas, a Cisne Negro Cia. de Dança mostra sua versatilidade em passos trilhados por músicas que vão de Stravinski a Adriana Calcanhotto. A temporada paulistana começa hoje, no Teatro Municipal, e apresenta o balé inédito "Anéis", além de "Danses Consertantes" e "Além da Pele".
Dany Bittencourt, 37, assistente de direção da companhia e coreógrafa de "Anéis", já tinha a idéia de retratar o universo feminino quando recebeu proposta semelhante de um laboratório fabricante de contraceptivo de aliar a arte do Cisne Negro à promoção de seu produto.
"Também havia sondado Adriana Calcanhotto para fazer uma trilha. Resolvi reunir as propostas em uma só", diz.
Em entrevista à Folha, Calcanhotto, que é filha de ex-bailarina, diz ter realizado um sonho ao fazer sua primeira trilha para balé. "Eu sempre acompanhei o trabalho de composição das coreografias que minha mãe fazia. A parte de que eu mais gostava era o momento em que ela escolhia a música de seus espetáculos."
A cantora, acostumada a fazer composições curtas, se viu diante de um desafio, que era o de fazer uma trilha de 20 minutos. "A música quase não tem voz. Entre as minhas viagens, usei barulhos de água, areia, sons de bolas de madeira e outros", diz ela, que ainda não assistiu ao espetáculo.
O início de "Anéis" mostra a personalidade de seis mulheres distintas, de extravagantes a equilibradas. A movimentação arredondada, aliada ao jogo de elos compostos por aros de bicicleta, faz a obra inteira permeada por sutilezas lúdicas -como o jogo de passar anéis por pequenos duos dançados dentro dos aros.
Mais técnica e de musicalidade exigente, "Danses Concertantes" (1998), com música de Stravinski (1882-1971), foi feita pelo neozelandês Mark Baldwin. Diante dos espetáculos da noite, é a oportunidade que os bailarinos têm para mostrar arabesques, relevés e piruetas, passos arduamente estudados no dia-a-dia das aulas.
Em "Além da Pele" (1998), obra do francês Patrick Delcroix que o Cisne Negro estreou em Nova York com grande sucesso, as inquietações humanas afloram mais livres e descompromissadas. Um clima futurista inicia o espetáculo, que começa com o elenco desconstruindo e criando movimentos como se quisessem mostrar o que têm sob a pele.
Trata-se de um espetáculo ideal para quem não conhece o trabalho do grupo, que comemora seus 25 anos neste ano.


CISNE NEGRO CIA. DE DANÇA. Onde: Teatro Municipal (pça. Ramos de Azevedo, s/nš, tel. 222-8698). Quando: amanhã e sáb., às 21h, e dom., às 17h. Quanto: de R$ 5 a R$ 20. Patrocinador: BR Distribuidora.


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