|
Texto Anterior | Índice
DANÇA
Companhia apresenta três coreografias, entre elas a inédita "Anéis", que tem música de Adriana Calcanhotto
Cisne Negro encena universo feminino
KATIA CALSAVARA
DA REDAÇÃO
Clássico, moderno, pop. Com
três coreografias absolutamente
distintas, a Cisne Negro Cia. de
Dança mostra sua versatilidade
em passos trilhados por músicas
que vão de Stravinski a Adriana
Calcanhotto. A temporada paulistana começa hoje, no Teatro Municipal, e apresenta o balé inédito
"Anéis", além de "Danses Consertantes" e "Além da Pele".
Dany Bittencourt, 37, assistente
de direção da companhia e coreógrafa de "Anéis", já tinha a idéia
de retratar o universo feminino
quando recebeu proposta semelhante de um laboratório fabricante de contraceptivo de aliar a
arte do Cisne Negro à promoção
de seu produto.
"Também havia sondado
Adriana Calcanhotto para fazer
uma trilha. Resolvi reunir as propostas em uma só", diz.
Em entrevista à Folha, Calcanhotto, que é filha de ex-bailarina,
diz ter realizado um sonho ao fazer sua primeira trilha para balé.
"Eu sempre acompanhei o trabalho de composição das coreografias que minha mãe fazia. A parte
de que eu mais gostava era o momento em que ela escolhia a música de seus espetáculos."
A cantora, acostumada a fazer
composições curtas, se viu diante
de um desafio, que era o de fazer
uma trilha de 20 minutos. "A música quase não tem voz. Entre as
minhas viagens, usei barulhos de
água, areia, sons de bolas de madeira e outros", diz ela, que ainda
não assistiu ao espetáculo.
O início de "Anéis" mostra a
personalidade de seis mulheres
distintas, de extravagantes a equilibradas. A movimentação arredondada, aliada ao jogo de elos
compostos por aros de bicicleta,
faz a obra inteira permeada por
sutilezas lúdicas -como o jogo
de passar anéis por pequenos
duos dançados dentro dos aros.
Mais técnica e de musicalidade
exigente, "Danses Concertantes"
(1998), com música de Stravinski
(1882-1971), foi feita pelo neozelandês Mark Baldwin. Diante dos
espetáculos da noite, é a oportunidade que os bailarinos têm para
mostrar arabesques, relevés e piruetas, passos arduamente estudados no dia-a-dia das aulas.
Em "Além da Pele" (1998), obra
do francês Patrick Delcroix que o
Cisne Negro estreou em Nova
York com grande sucesso, as inquietações humanas afloram
mais livres e descompromissadas.
Um clima futurista inicia o espetáculo, que começa com o elenco
desconstruindo e criando movimentos como se quisessem mostrar o que têm sob a pele.
Trata-se de um espetáculo ideal
para quem não conhece o trabalho do grupo, que comemora seus
25 anos neste ano.
CISNE NEGRO CIA. DE DANÇA. Onde:
Teatro Municipal (pça. Ramos de
Azevedo, s/nš, tel. 222-8698). Quando:
amanhã e sáb., às 21h, e dom., às 17h.
Quanto: de R$ 5 a R$ 20. Patrocinador: BR
Distribuidora.
Texto Anterior: Artes cênicas: Nelson Rodrigues chega ao palco via ópera Índice
|