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"PARIS 1900"
Mostra recupera valores da indústria do luxo
Divulgação
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Tela "A Trapeira", de Chahine (1901), que faz parte da exposição "Paris 1900", em cartaz no Masp |
FELIPE CHAIMOVICH
CRÍTICO DA FOLHA
"Paris 1900" é mostra eclética. Agrupa diversas técnicas de belas-artes para repensar uma das Exposições Universais
que proclamavam o triunfo da civilização eurocêntrica.
A maioria do acervo provém do
Petit Palais. Contudo, as modestas peças enviadas pela instituição
parisiense raramente dão a noção
do espetáculo assistido por 50 milhões de espectadores há cem
anos. Obras acrescentadas pelo
Masp na montagem paulistana
elevam a qualidade do conjunto.
Na virada do século 20, a República Francesa mantinha a indústria do luxo como fundamento
econômico. As belas-artes que
haviam feito do país modelo de
imitação eram reafirmadas frente
ao mundo como valor nacional.
As contradições do modelo
francês de produção de bens de
consumo são evidentes. O aprisionamento em valores estéticos
retrógrados fazia do trabalho artesanal a base de peças exclusivas
e caras, tal como o pente "Assíria"
de Grasset (1900) ou a taça art
nouveau de Feuillâtre (1906).
A pintura destaca-se como segmento principal. Técnica manual
por excelência, simboliza o apego
a formas arcaicas de mercadoria.
O primeiro grupo pictórico retrata cenas da vida urbana. Por
um lado, o trabalho infantil é embelezado no sono distante do jovem vendedor de violetas em
"Sem Asilo", de Pelez (1890). Por
outro, o glamour do convívio em
sociedade aparece nas pinceladas
impressionistas de "A Música",
de Mary Cassat (1874).
A figuração da mulher agrupa
obras de qualidade. O núcleo curatorial abre-se com a "Mulher de
Luvas", de Giron (1883): uma toilette vespertina sobre arabescos
que prefigura composições de
Klimt. A variedade de tipos sociais é notável, indo desde "A Trapeira", de Chahine (1901), até a
"Bailarina Loie Fuller", de Toulouse-Lautrec (1893). Entre os retratos, destacam-se a azulada Suzanne Bloch, por Picasso (1904), e
a fantasmagórica Pauline Ménard-Dorien, por Carrière (1893).
O conjunto de pintura simbolista trata o irracional. O suicídio de
Ofélia é revisto por Steck em 1894:
o corpo inexpressivo afunda soltando bolhas e violetas.
A irregularidade do percurso é
compensada pela clareza da montagem. O acervo de nosso próprio
museu é, novamente, diferencial
que amplia o poder de reflexão de
mostras vindas do exterior.
"Paris 1900"
Onde: Masp (av. Paulista, 1.578, subsolo,
Bela Vista, tel. 0/xx/11/251-5644)
Quando: ter., qua. e sex. a dom., das 11h
às 18h; qui., das 11h às 20h (a bilheteria
fecha uma hora antes do encerramento)
Quanto: R$ 10 (grátis para menores de
10 e maiores de 60 anos)
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