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DANÇA
Com espetáculos em cartaz, Rodrigo Pederneiras, do grupo mineiro, e coreógrafa carioca debatem carreiras e processo criativo
Corpo e Colker comparam seus passos
KATIA CALSAVARA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Dois dos maiores nomes da
dança brasileira contemporânea
-Rodrigo Pederneiras, do grupo
Corpo, e Deborah Colker, da
companhia que leva seu nome-
estão em cartaz em São Paulo.
Num "pas-de-deux" de idéias,
eles falam sobre coreografias, manutenção de companhias e também sobre as semelhanças e as diferenças existentes entre os dois
grupos. Leia a seguir trechos da
entrevista.
Folha - Qual é o segredo para uma
companhia se manter estável por
tantos anos? [O grupo Corpo completa 30 anos em 2005, e a cia. de
Deborah Colker tem dez anos].
Rodrigo Pederneiras - O segredo
do Corpo é o trabalho em equipe
[Rodrigo, com seus irmãos Paulo
e Miriam, dividem cargos na administração, cenografia, direção e
iluminação dos espetáculos].
Sempre acreditamos que deveríamos ter um grupo profissional
desde o início, sem abrir mão de
qualidade. Há uma paixão que
move as pessoas que trabalham
com o Corpo, e acho que isso nos
ajudou esse tempo todo.
Deborah Colker - Tenho claro
que temos dificuldades. Mas chega um momento em que você tem
que compreender que existe um
caminho a ser seguido desde a sala de ensaio até o palco. Há todo
um mecanismo de produção e direção. É importante saber para
quem estamos dançando.
Folha - Como é o processo coreográfico de vocês?
Pederneiras - Não gosto que as
pessoas fiquem em silêncio enquanto estou montando um balé.
Não gosto que fiquem parados e
olhando o que estou fazendo.
Houve um tempo em que me
preocupei com uma forma brasileira de movimentação, que foi
extremamente importante na
construção da linguagem do grupo. Mas hoje não me preocupo
muito mais com isso e não quero
limitação nesse sentido. Quero fazer o que me der vontade.
Colker - Eu continuo desenvolvendo uma pesquisa que me interessa muito, que é a da relação entre o movimento e o espaço, a capacidade que o movimento tem
de interferir no espaço e de modificá-lo. Além disso, interferem
nos meus balés as questões do
nosso cotidiano. A dança contemporânea é a possibilidade de
expressarmos nossas questões.
Folha - Quais são as principais semelhanças e diferenças entre as
duas companhias?
Pederneiras O nosso trabalho
coreográfico é bastante diferente,
graças a Deus, porque quanto
mais vias diferentes existirem,
melhor. A companhia de Colker é
extremamente profissional. Percebemos que há uma preocupação de pesquisa feita da melhor
forma. Somos semelhantes na estrutura administrativa.
Colker - São duas grandes companhias e as duas são extremamente profissionais. Temos grande poder de comunicação com o
mundo e conseguimos levar o público ao teatro. Nas criações, somos completamente distintos e
acho que outra diferença é o tempo de existência. Tenho um profundo respeito pelo grupo Corpo.
CIA. DEBORAH COLKER ("ROTA").
Onde: Credicard Hall (av. das Nações
Unidas, 17.955, tel. 6846-6010). Quando:
hoje, às 18h. Quanto: de R$ 20 a R$ 60.
Patrocinadores: Petrobras Distribuidora
e Peugeot. Co-patrocinadores: Gol
Linhas Aéreas/Unibanco AIG.
GRUPO CORPO ("SANTAGUSTIN E
BENGUELÊ). Onde: teatro Alfa - sala A (r.
Bento Branco de Andrade Filho, 722, tel.
5693-4000). Quando: de qui. a sáb., às
21h, e dom., às 18h; até 17/8. Quanto: de
R$ 30 a R$ 60. Patrocinador: Petrobras.
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