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São Paulo, domingo, 10 de agosto de 2003

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DANÇA

Com espetáculos em cartaz, Rodrigo Pederneiras, do grupo mineiro, e coreógrafa carioca debatem carreiras e processo criativo

Corpo e Colker comparam seus passos

KATIA CALSAVARA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Dois dos maiores nomes da dança brasileira contemporânea -Rodrigo Pederneiras, do grupo Corpo, e Deborah Colker, da companhia que leva seu nome- estão em cartaz em São Paulo. Num "pas-de-deux" de idéias, eles falam sobre coreografias, manutenção de companhias e também sobre as semelhanças e as diferenças existentes entre os dois grupos. Leia a seguir trechos da entrevista.
 
Folha - Qual é o segredo para uma companhia se manter estável por tantos anos? [O grupo Corpo completa 30 anos em 2005, e a cia. de Deborah Colker tem dez anos].
Rodrigo Pederneiras -
O segredo do Corpo é o trabalho em equipe [Rodrigo, com seus irmãos Paulo e Miriam, dividem cargos na administração, cenografia, direção e iluminação dos espetáculos]. Sempre acreditamos que deveríamos ter um grupo profissional desde o início, sem abrir mão de qualidade. Há uma paixão que move as pessoas que trabalham com o Corpo, e acho que isso nos ajudou esse tempo todo.
Deborah Colker - Tenho claro que temos dificuldades. Mas chega um momento em que você tem que compreender que existe um caminho a ser seguido desde a sala de ensaio até o palco. Há todo um mecanismo de produção e direção. É importante saber para quem estamos dançando.

Folha - Como é o processo coreográfico de vocês?
Pederneiras -
Não gosto que as pessoas fiquem em silêncio enquanto estou montando um balé. Não gosto que fiquem parados e olhando o que estou fazendo. Houve um tempo em que me preocupei com uma forma brasileira de movimentação, que foi extremamente importante na construção da linguagem do grupo. Mas hoje não me preocupo muito mais com isso e não quero limitação nesse sentido. Quero fazer o que me der vontade.
Colker - Eu continuo desenvolvendo uma pesquisa que me interessa muito, que é a da relação entre o movimento e o espaço, a capacidade que o movimento tem de interferir no espaço e de modificá-lo. Além disso, interferem nos meus balés as questões do nosso cotidiano. A dança contemporânea é a possibilidade de expressarmos nossas questões.

Folha - Quais são as principais semelhanças e diferenças entre as duas companhias?
Pederneiras
O nosso trabalho coreográfico é bastante diferente, graças a Deus, porque quanto mais vias diferentes existirem, melhor. A companhia de Colker é extremamente profissional. Percebemos que há uma preocupação de pesquisa feita da melhor forma. Somos semelhantes na estrutura administrativa.
Colker - São duas grandes companhias e as duas são extremamente profissionais. Temos grande poder de comunicação com o mundo e conseguimos levar o público ao teatro. Nas criações, somos completamente distintos e acho que outra diferença é o tempo de existência. Tenho um profundo respeito pelo grupo Corpo.


CIA. DEBORAH COLKER ("ROTA").
Onde: Credicard Hall (av. das Nações Unidas, 17.955, tel. 6846-6010). Quando: hoje, às 18h. Quanto: de R$ 20 a R$ 60. Patrocinadores: Petrobras Distribuidora e Peugeot. Co-patrocinadores: Gol Linhas Aéreas/Unibanco AIG.

GRUPO CORPO ("SANTAGUSTIN E BENGUELÊ). Onde: teatro Alfa - sala A (r. Bento Branco de Andrade Filho, 722, tel. 5693-4000). Quando: de qui. a sáb., às 21h, e dom., às 18h; até 17/8. Quanto: de R$ 30 a R$ 60. Patrocinador: Petrobras.



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