São Paulo, quarta-feira, 10 de outubro de 2007 |
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Mostra reúne 70 artistas para recortar e colar
SILAS MARTÍ COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Nas mãos dos artistas, os comandos de computador "Ctrl- C" e "Ctrl-V", copiar e colar, viram uma reflexão sobre a memória e o olhar que interpreta o cotidiano. Traduzir o mundo com recortes é o conceito por trás da mostra com 70 artistas e mais de 170 obras aberta hoje pelo Sesc Pompéia. Na exposição estão nomes consagrados como Geraldo de Barros, Leda Catunda, Nelson Leirner, Farnese de Andrade e Regina Silveira, mas a surpresa fica por conta de artistas menos conhecidos que fazem dos fragmentos do dia-a-dia uma linguagem potente. Marcelo Moscheta, recém-premiado com uma residência artística na França, monta a partir de minigravuras uma tela de 4 m de largura. O processo artesanal usado na criação da obra contrasta com a imagem final, que parece se desmanchar em pixels da era digital. A fragmentação também marca "O Político", do carioca Jarbas Lopes, que despedaça e questiona a linguagem publicitária num painel com a figura de um rosto desconhecido, composto por remendos de outdoors usados em campanhas políticas. Giselle Beiguelman acelera recortes e perdas na videoinstalação "Desmemórias", que mostra fitas cassete, disquetes e computadores obsoletos, numa reflexão sobre dados perdidos quando o suporte usado para acessá-los deixa de existir. No corredor ao lado, Eduardo Verderame se apropria de 29 imagens de acidentes captadas na internet. A memória que se apaga no trabalho de Beiguelman contrasta aqui com outra que se dilata, perdendo o imediatismo da tragédia. Arquitetura A curadoria, aliás, explorou bem o edifício projetado por Lina Bo Bardi, dispondo ao longo do espelho d'água interno uma série de obras. "Fauna", de Lia Chaia, são placas de madeira no formato de animais -inspirados nas dobraduras do jogo japonês tangram-, que parecem habitar o lago artificial. O espaço também se articula em torno dos trabalhos de Lia Menna Barreto. "Flores de Rato" e "Cascas de Boneca" desafiam o olhar. O primeiro, que à distância lembra arranjos florais, é uma composição de pequenos camundongos de borracha. O segundo, que parece serpentinas, são bonecas desmembradas em tiras de plástico: é possível ver os olhos e cílios que restaram do rosto de algumas delas. Se o mundo é alvo do cortar e colar desses artistas, a própria mostra ficará à mercê do público, que terá à disposição equipamento para registrar fragmentos das obras. Essa proposta é do coletivo Estúdio Livre, que montará no local um ambiente, onde sons e imagens das obras poderão ser trabalhados e remixados pelos visitantes. RECORTAR E COLAR/CTRL-C + CTRL-V Quando: abertura hoje, às 20h; de ter. a sáb., das 10h às 21h; dom., das 10h às 19h; até 2/12 Onde: Sesc Pompéia (r. Clélia, 93, tel. 3871-7700) Quanto: entrada franca Texto Anterior: "Assovio" materializa crise do pânico Próximo Texto: Vídeo ganha destaque na exposição Índice |
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