São Paulo, terça-feira, 10 de novembro de 2009

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Crítica / "500 Dias com Ela"

Comédia romântica vai além dos clichês do gênero

RICARDO CALIL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"500 Dias com Ela" quer ser um filme esperto. Em seu primeiro longa-metragem, o americano Marc Webb, diretor de videoclipes, lança mão de todos os recursos à sua disposição para impressionar o espectador: narrativa não linear, vinhetas de animação, sequência musical e assim por diante.
Mas o segredo de "500 Dias com Ela" não é ser um filme esperto, mas sim tocante. Os elementos citados acima até formam conjunto harmônico, mas não são muito mais que perfumaria. O sucesso da produção reside em razões mais antiquadas e quase impalpáveis.
Primeiro, a química entre os protagonistas. Depois, e mais importante, o fato de ter algo a dizer sobre um tema essencial: uma pessoa amar outra que não a ama de volta.
O tema é recorrente em comédias românticas. Mas, aqui, há uma inversão no roteiro tradicional: a parte frágil não é a mulher, e, sim, um homem que ama demais. Ele é Tom Hansen (Gordon-Levitt), arquiteto frustrado que tem a rotina alterada quando Summer (Deschanel) chega ao escritório. Os dois engatam relação que ele insiste em batizar (de namoro) e que ela prefere não nomear.
Os 500 dias de relação são filtrados pela memória de Tom. É como um "Hiroshima Mon Amour" (1959) para a geração Twitter, o clássico de Alain Resnais sobre memórias amorosas desconexas traduzido para o tempo da gratificação instantânea.
Mas, mesmo com certas facilidades, "500 Dia com Ela" fala duas ou três coisas importantes sobre o amor. Que ele pode ser injusto. Que pode ser fonte de infinita melancolia. Que acaba.
E que a mulher dos seus sonhos pode não ser a mulher ideal para você. É mais do que a maioria das comédias românticas tem coragem de dizer.


500 DIAS COM ELA

Avaliação: bom




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