São Paulo, sábado, 11 de janeiro de 2003

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TEATRO

Diretor é protagonista do filme "Durval Discos"

Ary França dirige texto sobre solidão e loucura das cidades

PEDRO IVO DUBRA
DA REDAÇÃO

Enquanto não estréia nos cinemas o aguardado longa "Durval Discos" (Anna Muylaert), programado para março, é possível conferir o trabalho de seu protagonista, Ary França, 45, em outra praia: numa peça de teatro e, mais especificamente, na direção desta.
"Há um Incêndio sob a Chuva Rala", que começa temporada no Sesc Belenzinho, é um espetáculo da cia. Dramática em Exercício, formada em 95, que adapta contos do livro homônimo da escritora gaúcha Vera Karam. Ela morreu no primeiro dia do ano, em decorrência de um câncer.
França, que foi ator do grupo Ornitorrinco e atuou no "Macunaíma" de Antunes Filho, conta que conheceu a obra da autora numa ida a Porto Alegre, no começo de 2002. "Estava no aeroporto, comprei um livro dela por lá e o li no avião. Voltando a São Paulo, decidi que queria adaptar uns textos e montá-los."
Espetáculo composto por três histórias, "Há um Incêndio..." tem como primeiro esquete o conto de mesmo nome, interpretado por Flávia Garrafa ("O Chá das Cinco"), em que uma jovem tenta dialogar com o vizinho.
Suia Legaspe ("Aqui Aconteço"), mulher de França, faz o segundo, "Visita à Vovó". Nele, uma mãe aflita conversa com a filha trancada no banheiro.
A última parte, "Quem Sabe a Gente Continua Amanhã", que mostra o encontro de três velhinhas, é encampada pelas duas atrizes. A terceira personagem é representada por um ator convidado. A saber: Gerson Esteves (hoje e amanhã), Genésio de Barros (18 e 19/1), André Abujamra (25 e 26/1), o próprio Ary França (1º e 2/2), Marco Ricca (8 e 9/2), Otaviano Costa (15 e 16/2) e Renato Borghi (22 e 23/2).
"Apenas se veste a roupa, um robe, calçam-se as pantufas. Não há mais muita caracterização, se estivermos com a barba crescida, fazemos a velhinha mesmo assim", declara o diretor.
"São personagens urbanas, solitárias. Os três textos remetem a um tema que é comum na obra de Vera Karam: uma solidão que acaba se tornando uma espécie de loucura", considera.
"É Porto Alegre, mas bem poderia ser São Paulo." E o Rio de Janeiro também, já que o título cita um verso de "Blues da Piedade", de Cazuza e Frejat, da mesma geração da escritora.
Para Ary França, amarram sua encenação a trilha sonora e o cenário, concebido por Simone Mina. O som "lembraria Nino Rota", compositor de temas dos filmes do cineasta italiano Federico Fellini. Com poucos elementos cênicos (cadeira, mesa), a cenografia é construída pelas atrizes, que desenham no chão, com giz, a planta baixa de um imóvel.


HÁ UM INCÊNDIO SOB A CHUVA RALA.
Textos: Vera Karam. Direção: Ary França. Com: Flávia Garrafa, Suia Legaspe e atores convidados. Onde: Sesc Belenzinho (av. Álvaro Ramos, 915, tel. 6602-3700). Quando: sáb., às 21h, e dom., às 20h; até 23/2. Quanto: de R$ 5 a R$ 15. 50 min. 12 anos.



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