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TEATRO
Diretor é protagonista do filme "Durval Discos"
Ary França dirige texto sobre solidão e loucura das cidades
PEDRO IVO DUBRA
DA REDAÇÃO
Enquanto não estréia nos cinemas o aguardado longa "Durval
Discos" (Anna Muylaert), programado para março, é possível conferir o trabalho de seu protagonista, Ary França, 45, em outra praia:
numa peça de teatro e, mais especificamente, na direção desta.
"Há um Incêndio sob a Chuva
Rala", que começa temporada no
Sesc Belenzinho, é um espetáculo
da cia. Dramática em Exercício,
formada em 95, que adapta contos do livro homônimo da escritora gaúcha Vera Karam. Ela
morreu no primeiro dia do ano,
em decorrência de um câncer.
França, que foi ator do grupo
Ornitorrinco e atuou no "Macunaíma" de Antunes Filho, conta
que conheceu a obra da autora
numa ida a Porto Alegre, no começo de 2002. "Estava no aeroporto, comprei um livro dela por
lá e o li no avião. Voltando a São
Paulo, decidi que queria adaptar
uns textos e montá-los."
Espetáculo composto por três
histórias, "Há um Incêndio..."
tem como primeiro esquete o
conto de mesmo nome, interpretado por Flávia Garrafa ("O Chá
das Cinco"), em que uma jovem
tenta dialogar com o vizinho.
Suia Legaspe ("Aqui Aconteço"), mulher de França, faz o segundo, "Visita à Vovó". Nele,
uma mãe aflita conversa com a filha trancada no banheiro.
A última parte, "Quem Sabe a
Gente Continua Amanhã", que
mostra o encontro de três velhinhas, é encampada pelas duas
atrizes. A terceira personagem é
representada por um ator convidado. A saber: Gerson Esteves
(hoje e amanhã), Genésio de Barros (18 e 19/1), André Abujamra
(25 e 26/1), o próprio Ary França
(1º e 2/2), Marco Ricca (8 e 9/2),
Otaviano Costa (15 e 16/2) e Renato Borghi (22 e 23/2).
"Apenas se veste a roupa, um
robe, calçam-se as pantufas. Não
há mais muita caracterização, se
estivermos com a barba crescida,
fazemos a velhinha mesmo assim", declara o diretor.
"São personagens urbanas, solitárias. Os três textos remetem a
um tema que é comum na obra de
Vera Karam: uma solidão que
acaba se tornando uma espécie de
loucura", considera.
"É Porto Alegre, mas bem poderia ser São Paulo." E o Rio de Janeiro também, já que o título cita
um verso de "Blues da Piedade",
de Cazuza e Frejat, da mesma geração da escritora.
Para Ary França, amarram sua
encenação a trilha sonora e o cenário, concebido por Simone Mina. O som "lembraria Nino Rota",
compositor de temas dos filmes
do cineasta italiano Federico Fellini. Com poucos elementos cênicos (cadeira, mesa), a cenografia é
construída pelas atrizes, que desenham no chão, com giz, a planta
baixa de um imóvel.
HÁ UM INCÊNDIO SOB A CHUVA RALA.
Textos: Vera Karam. Direção: Ary França.
Com: Flávia Garrafa, Suia Legaspe e
atores convidados. Onde: Sesc
Belenzinho (av. Álvaro Ramos, 915, tel.
6602-3700). Quando: sáb., às 21h, e
dom., às 20h; até 23/2. Quanto: de R$ 5 a
R$ 15. 50 min. 12 anos.
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