São Paulo, sábado, 11 de março de 2000


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Show une chorinho e erudito

Divulgação
O músico Aleh ferreira, que faz show hoje no Paulo Eiró


free-lance para a Folha

Muitos compositores de chorinho não se cansam de dizer que as frases melódicas de Bach são muito parecidas com esse ritmo brasileiro. E que Bach só não tocou chorinho porque lhe faltaram o cavaquinho ou o bandolim.
O compositor e bandolinista Aleh Ferreira não só é um dos que concorda com essas afirmações como ele mesmo faz a ponte entre o chorinho e a música erudita em suas criações. O músico inspira-se nos eruditos para compor no ritmo popular.
Aleh (de Alexandre) tem guardado um Concerto para Oboé e Orquestra de Cordas, ainda não gravado por falta de uma gravadora que banque o projeto.
Mas é a música popular o seu ramo de atuação. O músico faz um show de choro hoje, no teatro Paulo Eiró, e, amanhã, no Arthur Azevedo. No repertório, Jacob do Bandolim, Pixinguinha, Zequinha de Abreu, e Ernesto Nazareth, além de composições suas.
Admirador confesso de Altamiro Carrilho, com quem tocou pela primeira vez aos 13 anos, Aleh ficou impressionado com a velocidade do flautista e achou que não conseguiria acompanhar o mestre.
Conseguiu, e a experiência é visível até hoje: Aleh imprime nas suas interpretações um andamento mais veloz que o do original.
Apesar de o choro ser considerado "música popular", o gênero não é muito vendável. Para Ferreira, é falta de se ouvir mais o chorinho. "É um estilo de música para o qual a pessoa precisa de um pouco de conhecimento musical para acompanhar", explica.
Aleh já gravou três CDs. Como tem a mania de criar melodias enquanto está dormindo, o primeiro trabalho chamou-se "Sonhos" (94) e o segundo "Sonhos e Emoções" (98). O terceiro e último álbum já está gravado. Trata-se de um show ao vivo, feito ano passado no Sesc Paulista.
O CD ainda não tem nome, mas a distribuição, nacional, ficará a cargo da Eldorado. Como foi um show ao vivo, optou-se por músicas mais conhecidas e não há composições de Aleh.
Nos shows desse fim-de-semana, um quarteto de cordas integra-se ao grupo de choro e toca chorinho em arranjos para temas eruditos. "Mas é só música brasileira, uma homenagem aos 500 anos do Descobrimento", afirma o chorão.
A erudição já o levou à músicas como "Mozarteando", uma adaptação para bandolim de cinco temas de Mozart, entre eles a "Marcha Turca" e a "Sinfonia nº 41".
Tudo isso sem nunca ter estudado academicamente. Aleh diz que sabe ler música, mas é "um pouco lento". Suas composições ele mesmo escreve, mas, quando é para ler partitura, atrapalha-se um pouco.
Sua formação musical, entretanto, começou cedo, aos 6 anos, quando começou a aprender violão. Aos 11, trocou-o pelo bandolim.
"Sempre gostei de música "mais calma", por isso fui me aproximando das composições clássicas", afirma o músico.
(DEMETRIUS CAESAR)


Show: Aleh Ferreira e Regional Quando: hoje, às 18h30, e amanhã, às 11h Onde: sábado no teatro Paulo Eiró (av. Adolfo Pinheiro, 765, Santo Amaro, região sul, tel. 546-0449) e domingo no teatro Arthur Azevedo (av. Paes de Barros, 955, Mooca, tel. 292-8007) Quanto: entrada franca

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