São Paulo, terça-feira, 11 de abril de 2006

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CRÍTICA

Exposições ressaltam dimensão gráfica de Antonio Lizárraga

FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Arte e desenho gráfico há muito tempo são vistas como áreas correlatas. Desde 1932, por exemplo, o Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA) possui um departamento de arquitetura e design e, atualmente, sua coleção de desenho gráfico chega a 4.000 itens.
Em São Paulo, desde os anos 30, tem sido comum artistas transitarem entre as duas áreas, caso de John Graz, com seu trabalho gráfico em vitrais e tapetes, por exemplo. É nesse contexto que os curadores Taisa Palhares e Thiago Honório observam a obra de Antonio Lizárraga, em "Deslocamentos Gráficos", em cartaz na Pinacoteca do Estado.
O argentino Lizárraga, radicado no Brasil desde 1959, passou já naquele ano a contribuir com ilustrações para o então caderno cultural de "O Estado de S. Paulo", "Suplemento Literário". Desde então, a contribuição de Lizárraga para o desenho gráfico esteve presente em várias publicações, especialmente capas de livro, como a coleção Elos, da Perspectiva.
A mostra apresenta suas primeiras ilustrações no "Suplemento" e as capas de livro, com o objetivo de situar o artista mais no campo do design gráfico do que no movimento concreto.
De fato, sua obra está mais próxima do construtivismo, ideário que transpassou o concretismo, um movimento datado e localizado nos anos 50. Só assim se pode entender suas obras da década de 70, também na mostra, serigrafias que abordam a questão da tecnologia, tão cara aos construtivistas do início do século 20.
Ainda desse período, os curadores apresentam "Metrópole", uma instalação com 150 toneladas de concreto, recuperada por um vídeo da participação de Antonio Lizárraga na Bienal de São Paulo, em 1973.
Entretanto, a maior parte das obras expostas foram realizadas a partir de 1983, ano que o artista sofreu um acidente vascular que o deixou tetraplégico. A partir de então, seus trabalhos serão realizados por assistentes, que seguem as orientações do artista a partir de coordenadas em um papel milimetrado.
Nessas pinturas, o grafismo irá ser o tema central, sem se afastar, contudo, de um detalhe ilustrativo: suas obras passam a ter nomes de ruas da cidade.
Lizárraga ainda pode ser visto na mostra "Geometria da Cor", com abertura hoje, que reúne 19 obras recentes do artista no Estúdio Buck (r. Lopes do Amaral, 123, tel. 3044-4575; de segunda a sexta, das 10h às 19h; sábado, das 10h às 14h; até o dia 31/5).


Antonio Lizárraga - Deslocamentos Gráficos
   
Quando: de ter. a dom., das 10h às 18h; até 21/5
Onde: Pinacoteca do Estado (praça da Luz, 2, centro, tel. 3229-9844)
Quanto: R$ 4 e grátis aos sábados



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