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Cia. Truks chega ao adulto com "Big Bang"
DA REPORTAGEM LOCAL
Há quatro anos no comando do
Centro de Estudos e Práticas de
Teatro de Animação, que funciona na biblioteca municipal Monteiro Lobato, na região central de
São Paulo, a Cia. Truks dá passos
de maturidade com montagens
específicas para o público adulto.
A nova modalidade da premiada companhia dedicada há 15
anos à platéia infanto-juvenil surge em "Big Bang", que estréia
amanhã no Sesi Vila Leopoldina.
Essa perspectiva também está
contida em "Popol Vuh", uma
criação do centro de estudos que
ganhou vôo próprio com o grupo
Matéria Prima, em cartaz desde
ontem no Teatro da Universidade
de São Paulo, o Tusp.
Nascimento do universo
Como o nome sugere, "Big
Bang" se propõe a um "comentário poético e crítico" sobre o possível nascimento do universo demarcado pela ciência. "Popol
Vuh", por sua vez, fala sobre a
criação do homem.
"Os dois espetáculos usam técnicas completamente diferentes,
mas trazem essa similaridade de
temas", diz o diretor Henrique
Stichin, 40, um dos fundadores da
Truks, que assina as montagens.
Em "Popol Vuh" (história do
tempo, para os maias), os atores e
o diretor se inspiraram livremente em mitos maias e brincam de
deuses, recriando o mundo e dando alma a pedaços de argila, gravetos e sucatas de informática, em
meio a barro, madeira, fogo, metal e pólvora. O roteiro atravessa
três fases da história humana: a
criação, a organização social e o
avanço tecnológico.
O grupo Matéria Bruta quer
priorizar a simplicidade na encenação e a busca de uma linguagem bruta -no sentido de direta
e primária. Assim, quer evitar o
rebuscamento.
A técnica predominante em
"Big Bang" é a do bunraku japonês, do século 18. Os bonecos são
manipulados simultaneamente
por três atores, sem uso de varas
ou fios. Em lugar do músico e do
narrador tradicionais do bunraku, a Truks criou uma trilha que
pontua as cenas.
Numa das passagens, que remete às grandes navegações da história, um índio maia tem o seu tesouro capturado pelo tubo de um
aspirador de pó tentacular que
desponta de uma caravela. Noutra, a peça critica a conquista da
Lua quando a fome ainda acomete o planeta.
"O espetáculo não pretende ser
aula de história. Traz imagens
poéticas daquilo que a história
nos diz e sobre o qual interferimos criticamente", diz Stichin.
Sem amadorismo
Contemplada pela Lei de Fomento ao Teatro para São Paulo, a
Truks, segundo o diretor, agora
encontra tempo para maturar sua
linguagem. Antes, fazia em média
200 apresentações por ano, alugando teatro e carregando projetos debaixo do braço para escolas
públicas e privadas.
"Lá na Monteiro Lobato, damos
oficina permanente, realizamos
palestras, espetáculos e promovemos intercâmbio com grupos do
Brasil e do exterior", conta o diretor da companhia.
(VS)
Big Bang
Quando: estréia hoje, às 20h; qui. a sáb.,
às 20h; e dom., às 18h; até 2/7
Onde: Sesi Leopoldina (r. Carlos Weber,
835, Vila Leopoldina, tel. 3832-1066)
Quanto: entrada franca
Popol Vuh
Quando: qua. e qui., às 21h; até 18/5
Onde: Tusp (r. Maria Antônia, 294,
Consolação, tel. 3255-7182, r. 41)
Quanto: R$ 15
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