São Paulo, quinta-feira, 11 de maio de 2006

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Cia. Truks chega ao adulto com "Big Bang"

DA REPORTAGEM LOCAL

Há quatro anos no comando do Centro de Estudos e Práticas de Teatro de Animação, que funciona na biblioteca municipal Monteiro Lobato, na região central de São Paulo, a Cia. Truks dá passos de maturidade com montagens específicas para o público adulto.
A nova modalidade da premiada companhia dedicada há 15 anos à platéia infanto-juvenil surge em "Big Bang", que estréia amanhã no Sesi Vila Leopoldina.
Essa perspectiva também está contida em "Popol Vuh", uma criação do centro de estudos que ganhou vôo próprio com o grupo Matéria Prima, em cartaz desde ontem no Teatro da Universidade de São Paulo, o Tusp.

Nascimento do universo
Como o nome sugere, "Big Bang" se propõe a um "comentário poético e crítico" sobre o possível nascimento do universo demarcado pela ciência. "Popol Vuh", por sua vez, fala sobre a criação do homem.
"Os dois espetáculos usam técnicas completamente diferentes, mas trazem essa similaridade de temas", diz o diretor Henrique Stichin, 40, um dos fundadores da Truks, que assina as montagens.
Em "Popol Vuh" (história do tempo, para os maias), os atores e o diretor se inspiraram livremente em mitos maias e brincam de deuses, recriando o mundo e dando alma a pedaços de argila, gravetos e sucatas de informática, em meio a barro, madeira, fogo, metal e pólvora. O roteiro atravessa três fases da história humana: a criação, a organização social e o avanço tecnológico.
O grupo Matéria Bruta quer priorizar a simplicidade na encenação e a busca de uma linguagem bruta -no sentido de direta e primária. Assim, quer evitar o rebuscamento.
A técnica predominante em "Big Bang" é a do bunraku japonês, do século 18. Os bonecos são manipulados simultaneamente por três atores, sem uso de varas ou fios. Em lugar do músico e do narrador tradicionais do bunraku, a Truks criou uma trilha que pontua as cenas.
Numa das passagens, que remete às grandes navegações da história, um índio maia tem o seu tesouro capturado pelo tubo de um aspirador de pó tentacular que desponta de uma caravela. Noutra, a peça critica a conquista da Lua quando a fome ainda acomete o planeta.
"O espetáculo não pretende ser aula de história. Traz imagens poéticas daquilo que a história nos diz e sobre o qual interferimos criticamente", diz Stichin.

Sem amadorismo
Contemplada pela Lei de Fomento ao Teatro para São Paulo, a Truks, segundo o diretor, agora encontra tempo para maturar sua linguagem. Antes, fazia em média 200 apresentações por ano, alugando teatro e carregando projetos debaixo do braço para escolas públicas e privadas.
"Lá na Monteiro Lobato, damos oficina permanente, realizamos palestras, espetáculos e promovemos intercâmbio com grupos do Brasil e do exterior", conta o diretor da companhia. (VS)


Big Bang
Quando: estréia hoje, às 20h; qui. a sáb., às 20h; e dom., às 18h; até 2/7 Onde: Sesi Leopoldina (r. Carlos Weber, 835, Vila Leopoldina, tel. 3832-1066) Quanto: entrada franca

Popol Vuh
Quando: qua. e qui., às 21h; até 18/5 Onde: Tusp (r. Maria Antônia, 294, Consolação, tel. 3255-7182, r. 41) Quanto: R$ 15



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