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TEATRO
João Teité e Matias Cão voltam como personagens em "Auto da Paixão e da Alegria", que estréia no teatro Paulo Eiró
Fraternal cria "evangelho saltimbanco"
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma espécie de evangelho segundo João Teité e Matias Cão. É
assim que o diretor Ednaldo Freire define o novo espetáculo da
Fraternal Cia. de Artes e Malas-Artes, "Auto da Paixão e da Alegria", que estréia hoje no teatro
Paulo Eiró, em Santo Amaro.
O texto de Luis Alberto de
Abreu retoma personagens conhecidos de sua dramaturgia.
João Teité e Matias Cão já disseram a que vieram em "O Parturião", "O Anel de Magalhão",
"Burundanga ou a Revolta do
Baixo Ventre" e "Sacra Folia", peças que, a partir de 1992, marcaram a primeira fase do projeto da
Fraternal, do diretor e do dramaturgo em torno da investigação de
uma comédia épica brasileira.
Como extensão de "Sacra Folia", um auto de natal, agora os tipos populares de Abreu vivem
uma aventura na Judéia. Eles
compõem uma trupe de saltimbancos que tenta narrar, de forma
peculiar (profana, religiosa e lúdica, segundo o autor), a passagem
bíblica da Paixão de Cristo, inclusive contextualizando-a no Brasil.
Universal
À moda de João Grilo e Chicó,
no "Auto da Compadecida" de
Ariano Suassuna, e com enfoque
mais universal do que regional,
conforme Freire, João Teité e Matias Cão embrenham-se por situações cômicas e ressaltam a alegria
em meio ao advento da morte e da
ressurreição de Cristo.
"É a forma como o povo encara
os acontecimentos, mesmo aqueles mais trágicos", afirma o diretor do espetáculo, Ednaldo Freire,
52 anos.
Como nas montagens anteriores, a dramaturgia e a encenação
trazem citações do imaginário
popular, da literatura de cordel,
do romanceiro e do cancioneiro
nordestino.
Há também referências aos arquétipos da commedia dell'arte,
com o Arlequim, cujo gestual, por
exemplo, é acrescido da referência da cultura brasileira.
Os atores Luti Angelelli (João
Teité), Edgar Campos (Matias
Cão), Aiman Hammoud e Mirtes
Nogueira assumem cerca de 20
personagens.
"A encenação trabalha com aspectos alegóricos, hiperbólicos na
concepção visual, e bebe muito
das culturas populares brasileira,
medieval e renascentista", afirma
Freire. Completam a equipe o cenógrafo Luiz Augusto dos Santos,
o diretor musical Luis Carlos Bahia e a preparadora corporal Deise Alves.
Os últimos textos de Abreu na
companhia (o mesmo de "O Livro
de Jó", com o grupo Teatro da
Vertigem), como "Iepe" e "Till
Eulenspiegel", focam sobretudo a
trajetória de heróis universais.
"Auto da Paixão e da Alegria" é
o oitavo espetáculo do projeto.
Para 2003, a Fraternal prepara o
"Auto da Morte do Caipira".
(VALMIR SANTOS)
AUTO DA PAIXÃO E DA ALEGRIA - de:
Luis Alberto de Abreu. Direção: Ednaldo
Freire. Com: Fraternal Cia. de Artes e
Malas-Artes. Onde: teatro Paulo Eiró (av.
Adolfo Pinheiro, 765, Santo Amaro, tel.
5546-0449). Quando: estréia hoje, às
21h; sex. e sáb., às 21h; dom., às 18h.
Quanto: R$ 10.
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