|
Próximo Texto | Índice
MÚSICA
"Samba em Sampa" começa hoje à noite no Crowne Plaza com apresentação de Elton Medeiros com Virgínia Rosa
Evento une velha e nova geração do samba
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL
O samba pede passagem e abre
alas às novas gerações. Inaugura-se hoje, no Crowne Plaza de São
Paulo, o projeto "Samba em Sampa", que parte do princípio de
reunir sambistas da antiga e jovens, do Rio e de São Paulo.
A idealização é dos irmãos e homens de teatro Sérgio e Cláudio
Mamberti, que selecionaram para
abrir a temporada de encontros,
que segue até 30 de setembro, o
velho carioca Elton Medeiros e a
jovem paulista Virgínia Rosa.
O acompanhamento é do jovem
e paulistano Quinteto em Branco
e Preto, que deve estar presente na
maioria dos shows do projeto.
O ator Sérgio Mamberti, 62, explica, de início, seu vínculo com a
música: "Nos anos 60, havia uma
vizinhança de todas as artes, e isso
trago até hoje. Nesse espírito, iniciamos o teatro do Crowne Plaza
como um espaço de resistência
cultural. Abriu dez dias depois do
Plano Collor, que arrasou com tudo, e mesmo assim no primeiro
ano 800 artistas passaram por seu
palco. Minha ligação com a música se fortaleceu aí".
A opção pelo samba no atual
projeto ele justifica revendo seu
passado: "Estava no Rio com "O
Inoportuno", dirigido por Antônio Abujamra, quando Nara Leão
me apresentou "Acender as Velas", de Zé Keti, me falou do [bar e
espaço musical" Zicartola. Vejo o
samba como talvez a espinha dorsal da música popular brasileira".
Mamberti faz a ponte com os
dias de hoje: "Aproveito este momento em que há um movimento
de samba jovem em São Paulo,
com as rodas de samba do Samba
da Vela, em Santo Amaro. O que
há de original no projeto é que
pretende fazer um panorama do
samba, com foco nas misturas".
O projeto irá culminar em duas
apresentações especiais, em 29 e
30 de setembro, que fecham com
história e memória a empreitada.
No dia 30, os baluartes da velha-guarda Monarco e Casquinha homenageiam os cem anos de nascimento de Paulo da Portela (1901-49), fundador da escola de samba.
Mas momento ímpar deve
acontecer uma noite antes, em
homenagem a Clementina de Jesus (1902-87). Ali se reunirão os
remanescentes do Rosa de Ouro,
que em 65 fizeram o acompanhamento da revelação tardia da então já sexagenária cantora. Era o
show "Rosa de Ouro", liderado
por Clementina e pela cantora e
ex-vedete Araci Cortes.
Estarão juntos Paulinho da Viola (que em 65 era adolescente), Elton Medeiros, Nelson Sargento e
Jair do Cavaquinho (fica faltando
Anescar do Salgueiro, que já morreu), além do idealizador do "Rosa de Ouro", Hermínio Bello de
Carvalho, e do diretor original,
Kléber Santos.
Mamberti admite que não vai
caber tudo isso no espaço de 153
lugares do teatro. "Vamos abrir a
parte toda do bar, fazer uma roda
de samba. Estou tentando colocar
um telão no bar, para que se possa
assistir aos shows de lá."
Da estréia de hoje até o final, um
"quem é quem" do samba será
promovido no palco do teatro. Os
cariocas Ivone Lara, Wilson das
Neves, Nelson Sargento, Guilherme de Brito e Nei Lopes e os paulistas Jair Rodrigues, Noite Ilustrada, Paula Lima, Paulo Bellinati
e Mônica Salmaso são os cabeças
de chapa da programação.
Em participação especial, se integrarão a eles as cantoras contemporâneas Virgínia Rosa, Carmem Queiroz, Suzana Salles (que
cantará sambas do paulista Paulo
Vanzolini), Cida Lobo e a puxadora da escola de samba paulistana Unidos do Peruche Denise.
Todos os shows serão gravados
em vídeo, fornecendo material
para um documentário dirigido
por Rogério Rozemblit. A edição
em CD também está prevista.
Mamberti fala sobre as pretensões do "Samba em Sampa". "O
Crowne lançou em São Paulo nomes como Cássia Eller e Zélia
Duncan, ainda como Zélia Cristina. Ali as pessoas vão ouvir pela
primeira vez Paula Lima cantando samba. Queremos fazer uma
nova edição no ano que vem, se
possível torná-lo permanente.
Usando também o bar, o que eu
queria era fazer um novo Zicartola. Espero que seja uma estufa, até
mesmo um movimento", sonha.
Próximo Texto: Programação Índice
|