São Paulo, segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Próximo Texto | Índice

Crítica/"Violência em Família"

Boa atuação não salva longa sobre adolescente de postura desafiadora

Divulgação
Emily Barclay em cena de "Violência em Família'; personagem é tratada como tipo excêntrico

CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA

Mulheres fatais, depois as lolitas letais e, em tempos mais recentes, as "grrrls", são personagens costumeiras em ficções que pretendem inverter habituais relações de poder, colocando homens no papel de vítimas frágeis. "Violência em Família" explora a tradição sem acrescentar nada de novo à receita.
O filme australiano dirigido por Paul Goldman segue as peripécias de Katrina, garota desobediente a quaisquer regras ou limites, que de partida sabemos ter matado o próprio pai.
Estruturado como investigação jornalística, o longa apresenta o histórico de Katrina, sua atitude desafiadora ao moralismo reinante na vizinhança (daí o título original, "Suburban Mayhem", algo como ""barraco" num subúrbio"), sua insubmissão e sua postura predadora no terreno sexual.
Confiante de que basta uma boa atriz para segurar as pontas de uma personagem como esta, Goldman deixa tudo a cargo de Emily Barclay, que faz o que está ao seu alcance.
O tratamento que o filme escolhe para a personagem, contudo, segue a linha da isenção.
Apesar de o lado "destroy" e "rocker" de Katrina ser assumido com o risco necessário por Barclay, a direção prefere retratá-la como um tipo excêntrico, quase um animal de zoológico, a exceção inevitável para confirmar a regra de que bom comportamento vale nota dez.
Já para as garotas que se identificam com a postura "grrrl" resta esperar pelas verdadeiras heroínas de "À Prova de Morte", o último Tarantino, que a distribuidora Europa insiste em manter mofando na estante há quase um ano.

Avaliação: ruim

Próximo Texto: Pinacoteca reúne obras do art déco brasileiro
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.