DA REPORTAGEM LOCAL

O Centro Cultural São Paulo promove de hoje a domingo uma série de seis concertos em homenagem aos 60 anos do compositor paulista José Antônio Rezende de Almeida Prado.
Pela diversidade de gêneros que frequentou -sinfonias, concertos, peças para piano ou música de câmara-, pela multiplicidade experimental e pelo tamanho de sua obra, Almeida Prado é um dos nomes mais importantes da música erudita contemporânea.
Paralelamente ao festival com a apresentação de composições suas, uma oficina de concertos foi aberta ontem a 27 estudantes universitários de música, nas quais o próprio Almeida Prado vem relatando o processo de composição de algumas de suas peças para piano.
O projeto, da Secretaria Municipal de Cultura, tem a curadoria do pianista e maestro Régis Gomide Costa, para quem o evento terá uma dimensão inédita por duas razões. Em primeiro lugar, pela quantidade de obras ainda em versão manuscrita que serão interpretadas em público pela primeira vez.
Em segundo lugar, os músicos que as interpretarão (piano, flauta, clarineta, fagote, trompa, violino ou canto) também têm com Almeida Prado um histórico de afinidades que tende a refletir com certa perfeição o conjunto de intenções do compositor.
Poderão ser ouvidas algumas de suas composições emblemáticas, como parte das "Cartas Celestes" (escritas entre 1974 e 2002, e que foram o tema de sua tese de doutorado na Unicamp, em 1986) ou peças infantis e alguns dos 14 "Noturnos", escritos com uma assumida filiação à tradição romântica de Chopin.
A oficina de concerto ocorre até amanhã, entre 14h e 17h. A apresentação das obras de Almeida Prado ocorrerá até sábado, às 21h, e no domingo, às 20, na sala Jardel Filho e com ingresso gratuito.
O compositor Prado nasceu em Santos, em 1943. Foi aluno de Dinorá de Carvalho (piano), Camargo Guarnieri (composição) e Osvaldo Lacerda (harmonia). Integrou o grupo de jovens músicos que nos anos 60 constituiu uma ala importante da vanguarda musical sob a liderança de Gilberto Mendes.
Um prêmio recebido em 1969, no Festival Guanabara, com a composição "Pequenos Funerais Cantantes" levou-o à Alemanha, onde estudou em Darmstadt com Gyorgi Ligeti e Lucas Foss. Foi também aluno, na França, de Olivier Messiaen e Nadia Boulanger. Voltou ao Brasil em 1973.
Como docente, Almeida Prado lecionou no Conservatório de Santos, foi diretor do Conservatório de Cubatão e, na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), onde se aposentou há pouco mais de três anos, lecionou composição e orquestração e foi por seis anos diretor do Instituto de Artes.
Recebeu praticamente todos os prêmios de prestígio no Brasil na área da composição, com dois APCAs (Associação Paulista de Críticos de Arte). Tem suas obras executadas na Espanha, França, Alemanha e Israel. É membro da Academia Brasileira de Música.
Sua obra é editada na Alemanha pela Tonos International, de Darmstadt. (JOÃO BATISTA NATALI)