ALEXANDRE AGABITI FERNANDEZ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Enésima adaptação do romance "Um Conto de Natal", de Charles Dickens (1812-1870), "Os Fantasmas de Scrooge" usa o moderníssimo sistema "motion caption" para contar a história da redenção do sovina Ebenezer Scrooge (Jim Carrey). O sistema permite que os movimentos dos atores sejam gravados e posteriormente aplicados sobre personagens e cenários de animação 3D.
O diretor Robert Zemeckis -que já havia explorado as possibilidades dessa tecnologia em "A Lenda de Beowulf" e "O Expresso Polar"- acertou em cheio ao escolher Carrey, pois o "motion caption" exige que os atores usem todo o corpo como elemento expressivo. Carrey mostra sua versatilidade, longe dos esgares de ator cômico, e brilha do começo ao fim.
Dickens escreveu várias narrativas sobre o Natal, que via como a representação ideal dos seres humanos, mas nenhuma atingiu a popularidade desse relato, que codificou o "espírito" da data. A fábula mostra como o velho Scrooge, um comerciante que só pensa em acumular riquezas, se transforma em pessoa generosa e afável.
Ranzinza, despreza sentimentos, maltrata seu empregado -o fiel Robert Cratchit (Gary Oldman)- e o único sobrinho (Colin Firth). Por tudo isso, detesta o Natal. Não por acaso, inspirou o Tio Patinhas, que em inglês se chama Uncle Scrooge (tio Scrooge).
O grande momento chega na noite de Natal. Scrooge recebe a visita do fantasma de Jacob Marley, seu sócio, que lhe conta que seu espírito nunca encontrou a paz, pois fora egoísta em vida. Ele diz que Scrooge tem uma chance de escapar desse terrível destino e avisa que será visitado por três espíritos.
Estes o fazem viajar no tempo, mostram-lhe coisas que nunca quisera olhar de frente, e ele abre o coração. Regenerado, Scrooge celebra o Natal com fervorosa alegria, ajuda Cratchit e vira segundo pai de Tim -filho caçula do empregado, com um problema nas pernas.
Além de Carrey, outro ponto alto do filme são as "viagens" com os espíritos, cheias de fantasia e velocidade vertiginosa. Mas a narrativa é excessivamente melodramática e abusa do sentimentalismo.