São Paulo, sábado, 12 de janeiro de 2008 |
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Paulo Goulart e Nicette Bruno vivem escritor e fã Casal divide a cena em "O Homem Inesperado", da dramaturga francesa Yasmina Reza Pontuado por monólogos interiores, texto narra encontro, em trem europeu; projeto veio de Daniel Filho, que pretendia atuar
LUCAS NEVES DA REPORTAGEM LOCAL A atriz Nicette Bruno, 75, mais de 60 de carreira, não dispensa o largo sorriso nem na hora de entregar uma decepção nos palcos: "Nunca consegui fazer o que tive vontade. Quando jovem, quis fazer Joana D'Arc. Dentro de toda aquela colocação dela, existia uma doçura que me encantava. Mas tudo bem. Cada personagem que chegava ia sendo o ideal. Aprendi a não projetar, a esperar oportunidades. Para que reunir frustrações?" Para ela, o personagem ideal da vez é Marta, a mulher que divide uma cabine de trem com seu escritor predileto, Paul Brodsky (Paulo Goulart), na peça "O Homem Inesperado", que estréia hoje, no teatro Renaissance. O texto da francesa Yasmina Reza foi montado pela primeira vez em seu país em 1995, com Philippe Noiret. A encenação brasileira é um projeto de Daniel Filho, que comprou os direitos e pretendia atuar no espetáculo. Quando outros compromissos o impediram de levar a idéia adiante, chamou Nicette e Goulart para a cena. Este, por sua vez, alistou o ator Emílio de Mello para a co-direção, que logo virou direção geral. Antes de aportar em São Paulo, a peça fez escalas no Rio, em Minas e em várias cidades no Nordeste. Construída a partir de monólogos interiores (revelados em narrações em off) que sublinham o fascínio da leitora e o egocentrismo do autor, a dramaturgia de Reza desafia a direção. "A estrutura é difícil, monocórdica. Tentei dar uma musicalidade ao texto e criar uma partitura de pequenas ações que ajudasse a dinamizar o espetáculo", diz Mello. Para Nicette, o risco de a intercalação de monólogos resultar enfadonha é contornado porque "o pensamento não tem censura". "As coisas vão saindo espontaneamente -e são coisas curiosas. São pessoas interessantes, com histórias de vida, sensibilidade, humor." Goulart acrescenta que o encadeamento dos solilóquios revela a "repórter teatral" em Reza, "no senso de observação de quem é quem". "Os personagens são pessoas com quem a autora deve ter convivido. Ela conhece muito as sensibilidades feminina e masculina." O casal que, em início de carreira, subia ao palco de terça a domingo não esmorece diante da redução do número de sessões semanais. "O teatro não acaba nunca", diz Nicette, no que é interrompida pelo marido: "No dia em que acabar a palavra, o mundo será bem diferente do que é hoje". Para manter viva a palavra, idealizaram o Teatro nas Universidades, cujas três edições acumulam público de 70 mil estudantes. Em 2008, serão montados textos de Samir Yazbek, Antônio Abujamra e outros. O HOMEM INESPERADO Quando: sáb., às 21h; dom., às 19h; estréia hoje; até 30/3 Onde: teatro Renaissance (al. Santos, 2.233, tel. 3069-2286) Quanto: R$ 60 Próximo Texto: No cinema, Nicette está em comédia Índice |
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