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"A Pane" faz banquete com comida de verdade no Sesc Anchieta
Peça baseada em conto de Dürrenmatt estréia hoje; restaurante servirá menu
JANAINA FIDALGO
DA REPORTAGEM LOCAL
À mesa, ao longo de quase
duas horas, juízes aposentados
tomam uma sopa fria de tomates, bebericam uma taça de espumante e degustam uma
brandade de bacalhau. Trivial,
não fosse o fato de a cena se
passar no palco de um teatro.
Em "A Pane", espetáculo que
estréia hoje no Sesc Anchieta, o
banquete que introduz e costura cada fase da história não tem
nada de fictício. Trata-se de um
menu "comme il faut". Foi elaborado por um chef, é servido
na temperatura correta e comido pelos atores. O texto, baseado no conto do suíço Friedrich
Dürrenmatt, foi adaptado pelo
advogado Nilo Batista.
"Dürrenmatt era um grande
gourmet e entendia de vinhos.
Neste conto, ele mistura a evolução da história com os sucessivos pratos", diz o diretor José
Henrique, 42. "A comida é parte da peça, e a peça não é sobre
comida. É sobre o homem de
hoje, sobre a futilidade da sociedade contemporânea."
"A Pane" é a história de um
executivo bem-sucedido. Um
dia, seu carro sofre uma pane, e
ele tem de pernoitar na casa de
um juiz aposentado. Convidado a jantar, passa de hóspede a
réu num julgamento simulado
pelo anfitrião e seus amigos, ex-profissionais da Justiça.
"É uma grande noitada que
mistura os prazeres que mantêm os juízes vivos, brincando
com a antiga profissão, comendo as melhores comidas e tomando os melhores vinhos",
diz. "O visitante vira o "prato
principal" e revela um passado
que nem ele sabia que tinha."
No texto, são mencionados
grandes vinhos, como o Château Margaux, e o champanhe
Dom Pérignon.
Platéia faminta
A opção por servir um banquete com pratos reais, em vez
de simular um jantar, é importante, diz o diretor, porque faz o
"público embalar na viagem
gastronômica do texto". "Ver a
comida e sentir o seu aroma são
estímulos importantes."
Montados na coxia, os pratos
são levados à cena pela atriz Silvia Monte, 48, que vive a governanta Mademoiselle Simone.
"Hoje eu sirvo de olhos fechados, mas no dia da estréia carioca voou queijo para tudo quanto foi lado. Baco pediu queijo, e
ele foi para Baco", brinca.
Aos espectadores, uma boa
notícia: quem ficar com desejo
de provar os pratos degustados
em cena poderá recorrer ao La
Buca Romana do Top Center
(tel. 3145-1748), casa responsável pelo "catering" da peça.
Em tempo: vale dizer que o
elenco adoraria repetir aqui a
experiência do Rio de fazer um
espetáculo-banquete. Algum
restaurante se habilita?
A PANE
Quando: sáb., às 21h, e dom., às 19h;
até 10/2
Onde: Teatro Sesc Anchieta (r. Dr. Vila
Nova, 245, tel. 3234-3000)
Quanto: de R$ 5 a R$ 20
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