São Paulo, sábado, 12 de janeiro de 2008

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"A Pane" faz banquete com comida de verdade no Sesc Anchieta

Peça baseada em conto de Dürrenmatt estréia hoje; restaurante servirá menu

JANAINA FIDALGO
DA REPORTAGEM LOCAL

À mesa, ao longo de quase duas horas, juízes aposentados tomam uma sopa fria de tomates, bebericam uma taça de espumante e degustam uma brandade de bacalhau. Trivial, não fosse o fato de a cena se passar no palco de um teatro.
Em "A Pane", espetáculo que estréia hoje no Sesc Anchieta, o banquete que introduz e costura cada fase da história não tem nada de fictício. Trata-se de um menu "comme il faut". Foi elaborado por um chef, é servido na temperatura correta e comido pelos atores. O texto, baseado no conto do suíço Friedrich Dürrenmatt, foi adaptado pelo advogado Nilo Batista.
"Dürrenmatt era um grande gourmet e entendia de vinhos.
Neste conto, ele mistura a evolução da história com os sucessivos pratos", diz o diretor José Henrique, 42. "A comida é parte da peça, e a peça não é sobre comida. É sobre o homem de hoje, sobre a futilidade da sociedade contemporânea."
"A Pane" é a história de um executivo bem-sucedido. Um dia, seu carro sofre uma pane, e ele tem de pernoitar na casa de um juiz aposentado. Convidado a jantar, passa de hóspede a réu num julgamento simulado pelo anfitrião e seus amigos, ex-profissionais da Justiça.
"É uma grande noitada que mistura os prazeres que mantêm os juízes vivos, brincando com a antiga profissão, comendo as melhores comidas e tomando os melhores vinhos", diz. "O visitante vira o "prato principal" e revela um passado que nem ele sabia que tinha."
No texto, são mencionados grandes vinhos, como o Château Margaux, e o champanhe Dom Pérignon.

Platéia faminta
A opção por servir um banquete com pratos reais, em vez de simular um jantar, é importante, diz o diretor, porque faz o "público embalar na viagem gastronômica do texto". "Ver a comida e sentir o seu aroma são estímulos importantes."
Montados na coxia, os pratos são levados à cena pela atriz Silvia Monte, 48, que vive a governanta Mademoiselle Simone. "Hoje eu sirvo de olhos fechados, mas no dia da estréia carioca voou queijo para tudo quanto foi lado. Baco pediu queijo, e ele foi para Baco", brinca.
Aos espectadores, uma boa notícia: quem ficar com desejo de provar os pratos degustados em cena poderá recorrer ao La Buca Romana do Top Center (tel. 3145-1748), casa responsável pelo "catering" da peça.
Em tempo: vale dizer que o elenco adoraria repetir aqui a experiência do Rio de fazer um espetáculo-banquete. Algum restaurante se habilita?


A PANE
Quando:
sáb., às 21h, e dom., às 19h; até 10/2
Onde: Teatro Sesc Anchieta (r. Dr. Vila Nova, 245, tel. 3234-3000)
Quanto: de R$ 5 a R$ 20


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