São Paulo, terça-feira, 12 de fevereiro de 2008
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Tradição de Yamada é foco de ciclo no CCSP
Importância de diretor ficou eclipsada por outros nomes do cinema moderno japonês
CÁSSIO STARLING CARLOS CRÍTICO DA FOLHA Ano de comemoração é também de revisão e de apresentação. O do centenário da imigração japonesa começa com o pé direito, com uma necessária, apesar de modesta, mostra que reúne nove títulos do diretor Yoji Yamada, cujo currículo registra 72 obras. Hoje com 76 anos, Yamada começou como assistente e pertence à mesma geração de nomes como Oshima, Yoshida e Shinoda, jovens cineastas que lançaram a chamada "nouvelle vague japonesa", no início dos anos 60. Ao contrário de seus companheiros de geração, Yamada optou por um cinema mais convencional e sem grandes arroubos. Com isso, seu nome ficou eclipsado na projeção internacional, que captou essencialmente a modernidade do ponto de vista representado por seus pares. Porém, a idéia de tradição, constante em seus filmes, não se confunde com falta de criatividade. Como Ozu, um de seus mestres assumidos, e como Frank Capra, uma de suas maiores influências, Yamada preferiu não se mover muito como forma de representar as mudanças. O exemplo maior de sua quase imobilidade é a extensíssima série (48 títulos!) dedicada a um mesmo personagem, Torajiro Kuruma, o popularíssimo (no Japão) Tora-san. De 1970 a 1995, Yamada se concentrou em acompanhar as desventuras de Tora-san na série, conhecida pelo título "É Triste Ser Homem". Em cada um dos filmes, Torajiro viaja pelo Japão, apaixona-se platonicamente, e essa estrutura simples permite a Yamada registrar as mutações sociais, familiares e individuais de seu tempo. "Tora-san Tira Férias", de 1990, e o derradeiro "O Resgate de Tora-san", de 1995, serão exibidos no ciclo do CCSP. Em outro ciclo, "Escola", composto por quatro títulos, Yamada focalizou os dramas da entrada na vida adulta. Desta série, a mostra no CCSP exibe "Escola 2", de 1996, e "Escola 4", de 2000. Da fase mais recente do trabalho do diretor, o maior destaque é "O Samurai do Entardecer" (2002), exibido comercialmente no Brasil em 2006. Misto de crônica de costumes e filme crepuscular, "O Samurai do Entardecer" exibe o sofisticado artesanato de Yamada, avesso a choques formais, mas conduzido com uma maestria capaz de captar o lado pequeno da vida. Neste retrato de um homem que recusa a vida heróica, o que mais chama a atenção é sua semelhança com a trajetória cinematográfica do próprio cineasta. Próximo Texto: Diretor exibe novo filme em Berlim Índice |
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