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EXPOSIÇÃO
"Arte como Idéia", na USP, reúne produção do artista morto em 2003
Nostalgia atravessa mostra de Julio Plaza
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
É em clima de nostalgia que o
Museu de Arte Contemporânea
da USP (MAC) abre hoje ao público a mostra "Arte como Idéia".
Nostalgia não só porque a exposição homenageia o artista plástico Julio Plaza, morto no ano passado, mas porque suas proposições questionadoras, realizadas
no próprio MAC, durante a década de 70, são hoje meros registros
de memória.
"Observar a década de 70, a partir do trabalho do Julio, é repensar
a função do museu, que na visão
dele é a da prática de um laboratório, portanto experimental. Hoje,
infelizmente, o museu virou um
espaço de consumo passivo, de
exposições-espetáculo, o que
contradiz suas propostas", diz a
curadora Cristina Freire.
"Arte como Idéia", montada em
uma das salas da sede do MAC, na
USP, apresenta grande parte da
produção de Julio Plaza (1938-2003), realizada, em muitos casos,
por meio de colaborações, como
era comum nos anos 70.
É o caso dos livros "Caixa Preta"
(1975) e "Reduchamp" (1976), feitos em parceria com o poeta e escritor Augusto de Campos, ou das
serigrafias da série "Técnica do
Pincel", produzida com a artista
plástica Regina Silveira, que ironizava uma das mais tradicionais
formas de expressão artística, por
meio de citações a trabalhos de
artistas como Andy Warhol.
Na década de 70, o MAC, sob a
direção de Walter Zanini, era um
espaço em sintonia com a produção internacional, especialmente
de arte conceitual. "Era um período no qual se debatia a função do
artista e do museu, utilizando-se
para tanto materiais precários e a
reprodução, em fotos e serigrafias, como estratégias de repensar
a arte, tornando-a mais acessível", conta Freire.
Plaza, espanhol que chegou ao
Brasil em 1973, vindo de Porto Rico, onde vivia com Regina Silveira, organizou, com Walter Zanini,
mostras paradigmáticas no MAC
como "Prospectiva" (1974) e
"Poéticas Visuais" (1977), que fizeram com que o museu reunisse
um dos mais importantes acervos
de arte conceitual, ainda em catalogação.
Experimentação é palavra-chave na mostra "Arte como Idéia".
Dos livros do artista, passando
por cartões-postais, ao filme "Luz
Azul" (1981), Plaza teve uma produção diversificada, que o coloca
como precursor de várias poéticas, hoje disseminadas na produção de jovens artistas.
A articulação com novas tecnologias era uma das questões centrais no trabalho do artista. "Aqui
está uma virada importante da arte contemporânea, que está sendo
retomada atualmente", afirma
Freire. Professor na Faap e na
ECA, Plaza influenciou várias gerações de artistas.
O clima de nostalgia esquenta
ainda mais, hoje, às 14h, na palestra "Julio Plaza e o MAC-USP dos
Anos 70", com a curadora da exposição, no auditório do museu.
"Durante a ditadura militar, a
USP era um dos poucos territórios livres da cidade, portanto
aberta à experimentação", conta
Freire. Já hoje, o museu institucionaliza a arte questionadora de
Plaza. Algumas de suas obras, feitas para serem manipuladas pelo
público, estão expostas em vitrines fechadas. Toda revolução,
mesmo na arte, acaba sendo enquadrada pelo sistema.
ARTE COMO IDÉIA.
Mostra sobre a
produção de Julio Plaza nos anos 70.
Onde: Museu de Arte Contemporânea da
USP (r. da Reitoria, 160, Cidade
Universitária, tel. 3091-3327). Curadoria:
Cristina Freire. Quando: de ter. a sex., das
10h às 19h, sáb. e dom., das 10h às 16h.
Até 13/6. Quanto: entrada franca.
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