DA REDAÇÃO

Duas exposições que exploram os extremos ganham lugar a partir de hoje na Pinacoteca do Estado. O paulistano radicado em Berlim Alex Flemming e a curitibana Eliane Prolik, cada um à sua maneira, apresentam obras exageradas com detalhes delicados sobre o cotidiano.
Flemming, 55, exibe pela primeira vez uma série de "pinturas" realizadas a partir de fotografias do cotidiano em São Paulo, Berlim, Dresden, Paranaguá, Belo Horizonte e Bancoc.
"É uma série de auto-retratos, apesar de às vezes não ser eu o retratado, mas é o meu dia-a-dia", conta o artista. Flemming aproveita para exagerar cores e granulações, além de criar intervenções gráficas sobre as imagens, com o ano de produção da obra e suas iniciais, A e F, espalhadas por uma moldura de cores. "Gosto de dimensões grandes, cores fortes, acho que é algo da herança do barroco brasileiro", avalia. Guiando-se através de cores "vulcânicas", "pós-atômicas", Flemming registra um pouco de sua vivência nômade. É assim que traça paralelos entre dois mundos, através de excertos da feira livre em Dresden e da do Brasil, de amigos brasileiros e amigos alemães, do avião intercontinental e do trem de Paranaguá. "Fotografo só os pormenores, a parte pelo todo", diz, sobre sua própria metonímia.
"Tuiuiú", instalação de Eliane Prolik, joga com escalas radicais. Sobre uma grande mesa elíptica de 1,60 m de altura, cerca de 200 objetos de porcelana bastante cotidianos se empilham e se espalham, formando uma série de pequenas esculturas.
"Gosto de pensar radicalidades, esse embate corporal que se trava entre as peças", diz a artista. Impossível não pensar em "Alice no País das Maravilhas" e em seu jogo de tamanhos, que também inspiraram um pouco do trabalho.
O nome, tuiuiú, é uma alusão ao pássaro cuja penagem é formada por três camadas de cores. "Aqui, uma peça fica em cima de outra, uma remetendo ou desfazendo a outra." (ALEXANDRA MORAES)