São Paulo, quinta-feira, 12 de junho de 2008

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Crítica/"Um Homem Perdido"

Diretora se perde em filme recheado de existencialismos de almanaque

CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA

Amnésia e perda de identidade são temas recorrentes em filmes que buscam expor o mal-estar da modernidade, do homem na busca inútil de algum sentido.
Em seu rigor, Antonioni alcançou a perfeição na representação desta idéia em seu "O Passageiro - Profissão: Repórter". A eles, retorna por sua conta e nosso risco Danielle Arbid, cineasta de origem libanesa exilada na França desde a guerra civil em seu país. "Um Homem Perdido" desloca o ponto de partida da reflexão para territórios árabes (Líbano, Jordânia e Síria), nos quais a diretora faz vaguear um personagem sem memória que cruza o caminho de um fotógrafo francês perambulando por aquelas bandas.
O fotógrafo está entregue ao voyeurismo dos corpos, obcecado em dominar mulheres, submetê-las a seu modo de ver, roubar delas algo. O amnésico não sabe direito quem é, mas está sempre disposto a resistir ao invasor, opondo-lhe alguma vaga força da tradição.
Neste embate, o filme parece querer expor o confronto de dois mundos, duas culturas, uma eternamente imperial, a outra marcada pela submissão. Contudo, na tentativa de chegar aí, diretora se perde nos meandros de uma ficção sobrecarregada de simbolismos e recheada de existencialismos de almanaque. Como um duplo do seu personagem sem noção, o espectador olha para aquilo tudo e não encontra nenhuma resposta para a pergunta: o que estou fazendo diante disso aqui?


UM HOMEM PERDIDO
Produção:
França, 2007
Direção: Danielle Arbid
Com: Melvil Poupaud, Alexander Siddig
Onde: estréia amanhã no Reserva Cultural; classificação: 12 anos
Avaliação: ruim


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