São Paulo, sábado, 12 de junho de 2010

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CRÍTICA COMÉDIA

Jennifer Lopez desiste de atuar em claro ataque ao feminismo

Divulgação
Aatriz Jennifer Lopez tem um pet shop em "Plano B"

RICARDO CALIL
CRÍTICO DA FOLHA

Em ao menos um aspecto, "Plano B" é bem-sucedido na missão de levar às telas as dores e as delícias da gravidez: o filme de cem minutos parece demorar nove meses, e chegar a seu fim pode ser doloroso como um parto.
O problema deste veículo para Jennifer Lopez não é apenas seguir as fórmulas da comédia romântica, mas também esconder, por trás da aparência inofensiva do gênero, um ataque mal dissimulado ao feminismo que finge defender.
Como convém a uma comédia romântica, Lopez é uma pessoa adorável (uma mulher positiva, apesar da morte dos pais quando criança) com uma profissão adorável (ex-executiva que se torna dona de um pet shop). Talvez a primeira novidade do filme seja o melhor amigo da protagonista. Em vez de um gay ou uma gordinha, é um cachorro aleijado.
Como não encontra o homem ideal, a protagonista Zoe decide ser mãe solteira e parte para uma inseminação artificial. No mesmo dia, porém, encontra "o cara", um produtor de queijos orgânicos (Alex O'Loughlin, expressivo como um tofu). Ao descobrir que a inseminação funcionou, ela tem que lidar com o fato de que seu amor não é o pai de seu filho. Deve enfrentar também problemas como flatulência e libido incontroláveis.
Para Lopez, que parece ter desistido de atuar, isso representa um esforço contraditório: fazer cenas grosseiras como se posasse para um editorial de moda. "Plano B" parece introduzir uma questão nova para seu gênero: como pode a mulher unir uma vida emancipada (e moderna) a uma fantasia romântica (e antiquada)? Mas o filme logo mostra que tem um lado claro.
Zoe passa a frequentar um grupo de mães solteiras, mostradas de modo estereotipado (há uma obesa esotérica, uma odiadora de homens e outra que amamenta a filha de três anos).
A mensagem do filme "Plano B" parece ser que a redenção só é possível se você é uma diva glamourosa e se arranja um príncipe. O pior inimigo das feministas já foram os homens. Hoje é a comédia romântica.


PLANO B

AVALIAÇÃO ruim




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