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TEATRO
O dramaturgo Plínio Marcos discute a obra de Nelson Rodrigues, em evento que dá início a projeto cultural
"Malditos" se encontram hoje no Arena
ERIKA SALLUM
da Reportagem Local
O histórico teatro Arena, atual
Eugênio Kusnet, abre hoje suas
portas a um encontro "maldito": o
dramaturgo Plínio Marcos discute
a obra de Nelson Rodrigues.
O evento marca o início do projeto "Plena Ocupação Plena", uma
iniciativa dos grupos Círculo dos
Comediantes e Companhia de Arte Degenerada, os novos ocupantes do espaço. Por edital, os dois
vão dividir o Kusnet por um ano,
num acordo que pode ser renovado por mais 12 meses.
Anteriormente sede da Companhia do Latão, de "Santa Joana dos
Matadouros", o Arena (como ainda é conhecido) será palco neste
ano de leituras dramáticas e espetáculos dedicados a discutir o trabalho de Plínio e Nelson.
"São, sem sombra de dúvida, os
maiores dramaturgos brasileiros,
apesar de Plínio ainda não ter sido
amplamente reconhecido por todos", afirma o carioca Marco Antônio Braz, 33, diretor do Círculo.
A idéia é fechar o século 20 estudando profundamente a arte dos
dois teatrólogos, para, no ano que
vem, iniciar um projeto parecido,
mas destinado a novos autores.
Apesar de ganharem estabilidade com a aquisição, pelo menos
por um ano, do Arena, os dois grupos procuram patrocinadores para o projeto. "Nós ocupamos o teatro, mas não há um incentivo para
desenvolvermos um trabalho aqui.
Sem o mínimo de auxílio, fica bastante complicado realizar qualquer coisa", diz Braz.
R$ 2
As leituras dramáticas têm início
no próximo dia 22, sempre às terças e quartas-feiras, às 20h, até 29
de setembro. Será cobrado um ingresso simbólico de R$ 2 ("estudante paga meia", brinca Braz).
A programação ainda não está
completamente definida, e a intenção das duas companhias é convidar personalidades teatrais para
participarem, abrindo o espaço
para outros pontos de vista.
"Para nós, essa troca de experiências é extremamente importante. Não queremos fechar esse
local a elas", diz o diretor mineiro
Sérgio Ferrara, 32, da Companhia
de Arte Degenerada, que esteve recentemente em cartaz em São Paulo com "Senhor Paul".
O projeto prossegue com a estréia, no dia 26, da nova versão de
"Perdoa-me por Me Traíres", do
Círculo, encenação da peça de Nelson que marcou a cidade há cerca
de três anos ao ser montada num
extinto corredor do porão do Centro Cultural São Paulo. "Agora, o
espetáculo terá de se adaptar à arena", conta Braz.
Num esquema que alterna o teatro entre as duas companhias, Ferrara dirige "Barrela", clássico de
Plínio, com estréia prevista para
setembro. Será o primeiro texto
nacional encenado pelo grupo.
Em outubro e novembro, o Arena vai promover "Plínio de Bolso",
um minifestival em que serão
apresentados seis textos curtos do
autor, dirigidos por convidados.
O Círculo dos Comediantes dá
seguimento a sua pesquisa sobre
Nelson com "Bonitinha, mas Ordinária", que deve entrar em cartaz
em dezembro de 99.
Segundo Ferrara, a Companhia
de Arte Degenerada pretende levar
ao palco do Eugênio Kusnet "Abajur Lilás" ou alguma das várias peças inéditas de Plínio, como "Dança Final" ou "O Bote da Loba".
"Para resumir, desejamos chamar as pessoas para esse projeto de
"plena ocupação". Queremos eliminar o mito de que diretor só é solidário no câncer", diz, parodiando
a célebre frase de (pelo menos, segundo Nelson Rodrigues) Otto Lara Resende.
O quê: Plínio Marcos fala sobre Nelson
Rodrigues
Quando: hoje, às 21h, amanhã, às 20h
Onde: teatro Eugênio Kusnet (r. Teodoro
Baima, 94, tel. 256-9463)
Quanto: R$ 5
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