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EVENTO
Paul Thompson fala hoje em SP
Britânico propõe criar rede de memória global
FABIANO MAISONNAVE
DA REDAÇÃO
Você já ouviu falar de história
oral? Pois iniciantes e iniciados terão uma boa oportunidade para
discutir o assunto nesta semana,
durante o Seminário Internacional Memória, Rede e Mudança
Social, com início hoje.
Um dos principais nomes do
evento é o historiador britânico
Paul Thompson, 68, autor de "A
Voz do Passado", referência obrigatória sobre o assunto. Participam também o cineasta Eduardo
Coutinho e o historiador Nicolau
Sevcenko.
Professor da Universidade de
Essex, no Reino Unido, Thompson está envolvido no Brasil com
o Museu da Pessoa, que deve disponibilizar hoje um site com entrevistas de projetos do grupo
(www.museudapessoa.net). A
idéia é criar um arquivo interligado a projetos semelhantes pelo
mundo. Leia a seguir a entrevista
concedida à Folha em São Paulo.
Folha - Há uma longa discussão
sobre se a história oral é uma nova
disciplina ou apenas uma metodologia. Como o sr. a define?
Paul Thompson - Há vários tipos
de história oral. O que temos em
comum é a relação com a entrevista, a transmissão oral de informação, de qual se obtêm perspectivas da história, antropologia, sociologia, serviço social e outros
enfoques. A história oral assume
uma nova forma toda vez que é
utilizada. Não é apenas um método porque tem várias formas em
situações diferentes. Além disso, a
história oral tem uma tendência
para entrevistar pessoas que em
geral não têm registros públicos.
Folha - Os antropólogos, que possuem uma longa tradição no uso de
fontes orais, têm uma participação
relativamente menor na história
oral. Por que essa distância?
Thompson - Não creio que seja
necessariamente uma distância.
Na tradição antropológica, não há
o mesmo interesse na entrevista
como um todo, na forma como as
pessoas falam. O método típico
do antropólogo é observar, e eles
não costumam gravar entrevistas.
Mas tem havido bastante intercâmbio, sou muito influenciado
pela antropologia durante a pesquisa. No momento, estou trabalhando com famílias jamaicanas
transnacionais, eu me hospedo
em vilarejos para observá-los.
Mas acho que você está certo, seria melhor se os antropólogos estivessem mais envolvidos.
Folha - A história oral brasileira
tem características próprias?
Thompson - A história no Brasil é
muito impressionante, há muitas
coisas acontecendo aqui. A minha
impressão é que ela atrai principalmente intelectuais que estão
interessados em transformação
social. Não há a mesma direção,
por exemplo, na África ou, em
outro extremo, nos Estados Unidos, onde é primordialmente feita
para a criação de arquivos.
Folha - Como será a sua participação no Museu da Pessoa?
Thompson - Na Inglaterra, estou
envolvido na construção de um
arquivo de história oral nacional,
com a Biblioteca Britânica. Há
muito em comum com que o Museu da Pessoa faz aqui. Iniciamos
projeto para a virada do milênio,
que depois foi conduzido pela [rede] BBC. Mais de 6.000 pessoas
foram entrevistadas e catalogadas. A idéia é construir algo semelhante para o Brasil. Se alguém estiver interessado, por exemplo,
em mineiros, será possível encontrar na internet entrevistas pelo
mundo.
Folha - Quais são os temas de
suas palestras no seminário?
Thompson - Uma será sobre como a história oral é parte do patrimônio da humanidade. Também
falarei sobre o papel da história
oral em mudanças sociais e a história oral e a internet.
SEMINÁRIO INTERNACIONAL
MEMÓRIA, REDE E MUDANÇA SOCIAL.
Onde: teatro Sesc Vila Mariana (r.
Pelotas, 141, tel.: 5080-3000). De hoje a
quinta, às 9h. Quanto: de R$ 30 a R$ 100.
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