São Paulo, sábado, 13 de janeiro de 2001

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MILLENIUM RAP

Artistas nacionais e internacionais de hip hop se apresentam no Anhembi; dupla 509-E não está confirmada

Festival traz o som que faltou no Rock in Rio

Alexandre Schneider/Folha Imagem
Da esquerda para a direita, os rappers Thaíde, Xis e KL Jay, atrações do festival Millenium Rap, que ocorre somente hoje no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo




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Enquanto REM, Foo Fighters e Beck vão agitar mais de 200 mil fãs na Cidade do Rock, na zona sul do Rio, por aqui, às margens do rio Tietê, 50 mil pessoas vão assistir ao Millenium Rap, no Sambódromo do Anhembi.
Serão cerca de sete horas de muito hip hop e contestação com Racionais, Thaíde e DJ Hum, Xis e Marcelo D2, além dos forasteiros do Lost Boyz e Bone Thugs-N-Harmony, que vieram dos Estados Unidos exclusivamente para se apresentar no festival de hoje.
Os poucos ingressos que ainda sobram nas bilheterias do Anhembi e as caravanas, que vêm de Estados distantes como Rio Grande do Sul e Acre, mostram que o rap nacional tem fãs fiéis e está mais forte do que nunca. "O Roberto Medina (principal empresário do Rock in Rio) vai até se arrepender de não ter chamado a gente", brinca o rapper Xis.
De acordo com a organização do festival, até o começo da tarde de ontem ainda havia cerca de 10 mil ingressos dos 50 mil disponíveis. Hoje todos os postos de venda estarão funcionando, e o preço de R$ 20 será mantido -o ingresso estava programado para subir para R$ 25 hoje. Com esse estímulo, a expectativa é de "casa cheia".
"Não é sempre que tem toda essa produção, vamos fazer bonito", diz Ice Blue, dos Racionais. O palco tem 270 m2 e dois telões, além de um jogo de luzes de primeira. É muito mais do que se vê nos shows dos rappers brasileiros, normalmente sem uma produção mais sofisticada.
A única dúvida é quanto ao 509-E, dupla formada por dois detentos do Carandiru. Até ontem à tarde, Afro X e Dexter ainda não haviam conseguido autorização judicial para subir ao palco hoje. "Aumentou a burocracia, tem muita papelada, tem de passar por muita gente", reclama Adunias da Luz, produtor da dupla, que lutava pela liberação.
O número da cela dos dois é também o nome do grupo, que acaba de lançar seu primeiro disco, "Provérbios 13". Nos shows, a dupla sempre está com escolta e volta para a cela logo após o final.
Thaíde e DJ Hum, outra atração da noite, também estão de disco novo. Além das músicas do mais recente CD, "Assim Caminha a Humanidade", a dupla mostra os sucessos que marcaram seus mais de 15 anos de parceria, que nasceu nas rodas de break do largo São Bento, no centro de São Paulo.
Já Marcelo D2, único carioca do evento, deve cantar as músicas de seu primeiro CD solo, "Eu Tiro É Onda" (99), além de alguns hits do Planet Hemp, grupo do qual é vocalista. Do Rio ficou faltando MV Bill, que emplacou o sucesso "Traficando Informação" e causou polêmica com o videoclipe "Soldado do Morro", recheado de armas e tráfico. Segundo Ice Blue, dos Racionais, "não deu para ele vir porque o Bill está enrolado".
Apesar da ausência de MV Bill e, provavelmente, do 509-E, sobram nomes de peso para fazer a galera sacudir até de madrugada ao som das pick ups do rap. E enquanto isso, as guitarras vão estar berrando no Rio. (LINO BOCCHINI)

O festival será transmitido ao vivo, a partir das 19h, pela TV UOL, na Internet (www.uol.com.br/tvuol)


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