São Paulo, domingo, 13 de janeiro de 2008 |
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Crítica/cinema/"Garoto Cósmico" Animação brasileira surpreende ao investir em tom humanista Com visual elaborado, mas sem pirotecnias, "Garoto Cósmico" é boa opção para as férias
CÁSSIO STARLING CARLOS CRÍTICO DA FOLHA Quando chegam as férias, as crianças brasileiras que querem aproveitar o tempo livre e ir ao cinema acabam condenadas a ver as sempre pobres aventuras do Didi ou da Xuxa ou as sempre ricas produções de estúdios americanos que chegam em cópias dubladas. Animações em longa-metragem feitas por brasileiros cabem nos dedos de uma mão. Nestas férias, pelo menos o "Garoto Cósmico" chega a tempo de salvar o verão. O simpático trabalho do animador Alê Abreu não precisou adotar cara de terceiro mundo para parecer brasileiro. E pode fazer, sem nenhum constrangimento, companhia aos títulos do francês Michel Ocelot (realizador dos dois "Kirikou" e de "As Aventuras de Azur e Asmar"), que obtém sucesso com sua aposta em imagens menos pirotécnicas e em histórias carregadas de mais humanismo e menos escapismo. "Garoto Cósmico" traz as aventuras de três crianças, Cósmico, Luna e Maninho, que vivem em um futuro não muito diferente do nosso presente, onde as pessoas ficaram tão padronizadas quanto caixas de sabão em pó em prateleira de supermercado. Um dia perdem-se no espaço e caem num outro mundo, em que nada é igual e as leis que comandam são as da fantasia e da imaginação. O trabalho de animação comandado por Alê Abreu brinca o tempo todo com esses contrastes. O mundo programado das crianças é uniforme também em cores e em movimentos. Nele, as esteiras de transportes sugerem mais uma linha de montagem que uma cidade, e os gestos tornam as pessoas mais parecidas com robôs que com gente. Quando as crianças encontram a trupe do velho Giramundos e seu circo itinerante, tudo muda de figura. Os movimentos ganham várias dimensões, cada personagem se destaca com formas que os tornam divertidos, a palheta de cores se expande e se metamorfoseia em experiências psicodélicas, e o filme se enche de música. Com um tom de fábula que em nenhum momento soa antiquado e uma elaborada proposta visual, a animação deixa a anos-luz para trás os filmes para crianças feitos com gente de carne e osso que mais parecem atrações de circo poeira. GAROTO CÓSMICO Direção: Alê Abreu Produção: Brasil, 2007 Onde: em cartaz no Cine TAM, Villa-Lobos, HSBC Belas Artes e circuito Avaliação: bom Próximo Texto: Boa trilha tem Antunes e da Mata Índice |
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