JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado) põe fim hoje à noite ao jejum musical a que submeteu seu público por quase três meses: traz, em seu primeiro programa, "O Rei Davi", peça sacra do compositor francês Arthur Honegger (1892-1955), e, nos dois últimos concertos do mês, a "Sinfonia nº 6", das mais belas e tensas do austríaco Gustav Mahler (1860-1911).
A temporada 2003 terá uma particularidade inédita na história da música sinfônica no Brasil. São as 7.093 assinaturas -2.000 a mais que no ano passado. Para a orquestra, diz seu diretor artístico, John Neschling, trata-se de uma prova de confiança no padrão musical criado desde que o conjunto, sob sua direção, foi reformulado em 1997.
Para o público, por causa de tantas assinaturas, será a partir de agora menor o número de ingressos avulsos disponíveis. Com 2.000 assinaturas a mais não restariam ingressos nas bilheterias. Por isso, é possível que, além das quintas e sábados, seja também feita uma terceira récita semanal.
"O Rei Davi", no programa de hoje e de sábado, estreou em 1921. Terá o Coro da Osesp, dirigido por Naomi Munakata.
Nos dias 27 e 29 quem rege é o diretor-adjunto, Roberto Minkzuk. Será dele a "Sinfonia nº 6", de Mahler. Complementando o programa, a orquestra interpreta uma peça do compositor húngaro contemporâneo Giorgy Ligeti.
A "Sexta" de Mahler (1906), com seu "allegro moderato" final marcado por extrema amargura, traz em seus quatro movimentos uma síntese da relação de íntimo e cruel mal-estar. O compositor o traduz, por exemplo, por arpejos em notas mais graves que contêm a fluidez das melodias.