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Lia de Itamaracá, 64, lança terceiro disco
Eternizada em refrão popular e resgatada nos anos 90, cantora mostra "Ciranda de Ritmos" no Sesc Pompéia
RAQUEL COZER
DA REPORTAGEM LOCAL
Aos 64, Lia de Itamaracá conheceu a fama, o anonimato e,
tempos depois, outra espécie
de notoriedade -desta vez, entre um público mais jovem.
Musa do histórico refrão "essa ciranda quem me deu foi Lia,
que mora na ilha de Itamaracá", cantado nos anos 60 por
Teca Calazans, Lia foi pouco
lembrada nas décadas seguintes, até ser "reencontrada" pelo
público do Abril pro Rock
(1998) e do Rec-Beat (2000).
O resultado dos altos e baixos
foi que, enquanto se consagrava como a mais importante cirandeira do país, a pernambucana viu chegarem às lojas só
um LP, "A Rainha da Ciranda"
(1977), e um CD, já na fase
"pop". "Eu Sou Lia" (2000), festejado por Manu Chao, chegou
a tocar em pistas na Europa.
O show que leva hoje ao Sesc
Pompéia marca o lançamento
de seu terceiro álbum, "Ciranda de Ritmos", gravado com
apoio da Petrobras. Ainda sem
encarte, o CD será vendido hoje
a R$ 10; depois, poderá ser encomendado a R$ 15 pelo e-mail ciranda@pernambuco.net.
Entre maracatus, frevos, cocos e cirandas, Lia entoa músicas de domínio público, além
de faixas próprias (caso de
"Moça Namoradeira", já gravada por Ney Matogrosso) e de
Bezerra do Sax, músico que a
acompanhou por 35 anos.
"Quem me Deu Foi Lia", a
música dos versos que a eternizaram, está no repertório (Lia
diz que a música é sua, com versos de Teca. A capixaba já negou a versão -diz que recebeu
tudo pronto de Baracho. No
CD, é o nome dele que aparece).
Há 26 anos, Lia acumula a
função de merendeira de escola
da rede estadual na ilha de Itamaracá (PE). A quatro anos de
se aposentar, fala do cargo com
carinho, mas sem tanto apego.
"Lá se faz de tudo, feijão, galinha, baião de dois. Agora, é difícil misturar música e cozinha."
A renda ela complementa
com o "dinheirinho" que ganha
desde que foi considerada patrimônio vivo de Pernambuco.
No comando do centro cultural
de Itamaracá, Lia espera outro
reconhecimento. "Tombaram
só a Lia, não a ciranda. Não dá
para sustentar a ciranda se ela
não for tombada também."
LIA DE ITAMARACÁ
Quando: hoje, às 21h
Onde: Sesc Pompéia (r. Clélia, 93, tel.
3871-7700)
Quanto: R$ 4 a R$ 16
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