São Paulo, quinta-feira, 13 de março de 2008

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Lia de Itamaracá, 64, lança terceiro disco

Eternizada em refrão popular e resgatada nos anos 90, cantora mostra "Ciranda de Ritmos" no Sesc Pompéia

RAQUEL COZER
DA REPORTAGEM LOCAL

Aos 64, Lia de Itamaracá conheceu a fama, o anonimato e, tempos depois, outra espécie de notoriedade -desta vez, entre um público mais jovem.
Musa do histórico refrão "essa ciranda quem me deu foi Lia, que mora na ilha de Itamaracá", cantado nos anos 60 por Teca Calazans, Lia foi pouco lembrada nas décadas seguintes, até ser "reencontrada" pelo público do Abril pro Rock (1998) e do Rec-Beat (2000).
O resultado dos altos e baixos foi que, enquanto se consagrava como a mais importante cirandeira do país, a pernambucana viu chegarem às lojas só um LP, "A Rainha da Ciranda" (1977), e um CD, já na fase "pop". "Eu Sou Lia" (2000), festejado por Manu Chao, chegou a tocar em pistas na Europa.
O show que leva hoje ao Sesc Pompéia marca o lançamento de seu terceiro álbum, "Ciranda de Ritmos", gravado com apoio da Petrobras. Ainda sem encarte, o CD será vendido hoje a R$ 10; depois, poderá ser encomendado a R$ 15 pelo e-mail ciranda@pernambuco.net.
Entre maracatus, frevos, cocos e cirandas, Lia entoa músicas de domínio público, além de faixas próprias (caso de "Moça Namoradeira", já gravada por Ney Matogrosso) e de Bezerra do Sax, músico que a acompanhou por 35 anos.
"Quem me Deu Foi Lia", a música dos versos que a eternizaram, está no repertório (Lia diz que a música é sua, com versos de Teca. A capixaba já negou a versão -diz que recebeu tudo pronto de Baracho. No CD, é o nome dele que aparece).
Há 26 anos, Lia acumula a função de merendeira de escola da rede estadual na ilha de Itamaracá (PE). A quatro anos de se aposentar, fala do cargo com carinho, mas sem tanto apego.
"Lá se faz de tudo, feijão, galinha, baião de dois. Agora, é difícil misturar música e cozinha."
A renda ela complementa com o "dinheirinho" que ganha desde que foi considerada patrimônio vivo de Pernambuco. No comando do centro cultural de Itamaracá, Lia espera outro reconhecimento. "Tombaram só a Lia, não a ciranda. Não dá para sustentar a ciranda se ela não for tombada também."


LIA DE ITAMARACÁ
Quando:
hoje, às 21h
Onde: Sesc Pompéia (r. Clélia, 93, tel. 3871-7700)
Quanto: R$ 4 a R$ 16


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