São Paulo, terça-feira, 13 de abril de 2004

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MÚSICA

Festival "Supersônica", no CCBB, reúne dez documentários sobre o gênero, retratando sua história e influência cultural

Mostra discute aspecto social da eletrônica

Eduardo Knapp - 26.mai.2003/Folha Imagem
SHOW O cantor Ed Motta faz apresentação hoje, às 22h30, do seu disco mais recente, "Poptical"; no Bourbon Street Music Club (r. dos Chanés, 127, Moema, tel. 5095-6100); couv. art., de R$ 40 a R$ 70

THIAGO NEY
DA REDAÇÃO

Totalmente incrustada no cotidiano, a música eletrônica -desde suas origens até a influência exercida sobre o atual universo jovem- é discutida na mostra "Supersônica", no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). São dez documentários, entre curtas e longas-metragens.
O festival é interessante como um todo, mas há os filmes indispensáveis, seja pelo caráter histórico, seja como uma forma de inclusão social. Ou apenas diversão.
No primeiro caso, encontra-se "Modulations", da brasileira Iara Lee. Ela entrevistou praticamente todo mundo que importa, de Giorgio Moroder (lendário produtor de Donna Summer) a Robert Moog (o criador dos sintetizadores) aos grupos Prodigy e Future Sound of London. De Stockhausen a Roni Size, todos comentam o crescimento da música eletrônica.
Outra boa pedida é "Theremin: Uma Odisséia Eletrônica", filme ganhou prêmio no festival de Sundance ao discutir o aparecimento do primeiro instrumento "eletrônico", criado pelo russo Lev Theremin em 1919.
Já "Better Living through Circuitry" e "Sinergy" centram fogo no aspecto cultural das raves. Os filmes -especialmente o segundo- perdem um pouco ao prevalecer o ponto de vista norte-americano. O "fenômeno" das raves atingiu muito mais Europa e América do Sul.
"Não se sabe, de uma maneira geral, onde posicionar essa música, por que ela está convivendo conosco dessa maneira. E ela ainda é vista como marginal, como parte de apenas alguns grupos e tribos", diz Camilla Ribas, 29, curadora do "Supersônica". Ela prepara a mostra desde abril do ano passado. Entre os filmes que não conseguiu trazer, está uma produção grega -falada em grego- que discute a eletroacústica. Não houve tempo de legendar.
A inclusão social promovida pela eletrônica é o assunto de "Mutiny". O filme traça um perfil da influência dos artistas asiáticos na música britânica. Aqui, segundo entrevista do diretor Vivek Bald à Folha, não há como falar apenas de diversão. "O foco está na história do racismo e do anti-racismo dos anos 70, 80 e 90, porque este foi o contexto do surgimento desses artistas."
O mais curioso dos filmes do evento é "Operação Cavalo de Tróia", realizado por três estudantes paulistas. O filme mostra a(s) tentativa(s) de invasão de uma rave por várias dezenas de jovens da periferia. Sem dinheiro, eles driblam matas, rios, seguranças e cachorros para alcançar um lugar à pista de dança.
"Ground... do Under ao Over", que foi exibido na mostra SP Música, no mesmo CCBB, é indispensável para conhecer um pouco melhor como a música eletrônica passou de mera trilha em pequenos clubes de São Paulo para protagonista de festas enormes e lucrativas da cidade.

Livre Elétron
A eletrônica ganha espaço no CCBB também com o festival Livre Elétron, que pretende dar espaço às experimentações do gênero, com artistas como Bojo, Anvil FX e Loop B. Os shows ocorrerão às terças-feiras.


SUPERSÔNICA. Onde: CCBB (r. Álvares Penteado, 112, tel. 3113-3651). Quando: de hoje a 18/4. Quanto: R$ 2 e R$ 4.

LIVRE ELÉTRON. Shows com Bojo, Quarteto Fauré, Anvil FX e outros. Onde: CCBB. Quando: hoje, 20/4, 27/4 e 4/5, às 13h e às 19h. Quanto: R$ 3 e R$ 6.



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