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MÚSICA
Festival "Supersônica", no CCBB, reúne dez documentários sobre o gênero, retratando sua história e influência cultural
Mostra discute aspecto social da eletrônica
Eduardo Knapp - 26.mai.2003/Folha Imagem
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SHOW O cantor Ed Motta faz apresentação hoje, às 22h30, do seu disco mais recente, "Poptical"; no Bourbon Street Music Club (r. dos Chanés, 127, Moema, tel. 5095-6100); couv. art., de R$ 40 a R$ 70
THIAGO NEY
DA REDAÇÃO
Totalmente incrustada no cotidiano, a música eletrônica -desde suas origens até a influência
exercida sobre o atual universo
jovem- é discutida na mostra
"Supersônica", no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). São
dez documentários, entre curtas e
longas-metragens.
O festival é interessante como
um todo, mas há os filmes indispensáveis, seja pelo caráter histórico, seja como uma forma de inclusão social. Ou apenas diversão.
No primeiro caso, encontra-se
"Modulations", da brasileira Iara
Lee. Ela entrevistou praticamente
todo mundo que importa, de
Giorgio Moroder (lendário produtor de Donna Summer) a Robert Moog (o criador dos sintetizadores) aos grupos Prodigy e Future Sound of London. De Stockhausen a Roni Size, todos comentam o crescimento da música
eletrônica.
Outra boa pedida é "Theremin:
Uma Odisséia Eletrônica", filme
ganhou prêmio no festival de
Sundance ao discutir o aparecimento do primeiro instrumento
"eletrônico", criado pelo russo
Lev Theremin em 1919.
Já "Better Living through Circuitry" e "Sinergy" centram fogo
no aspecto cultural das raves. Os
filmes -especialmente o segundo- perdem um pouco ao prevalecer o ponto de vista norte-americano. O "fenômeno" das raves atingiu muito mais Europa e
América do Sul.
"Não se sabe, de uma maneira
geral, onde posicionar essa música, por que ela está convivendo
conosco dessa maneira. E ela ainda é vista como marginal, como
parte de apenas alguns grupos e
tribos", diz Camilla Ribas, 29, curadora do "Supersônica". Ela prepara a mostra desde abril do ano
passado. Entre os filmes que não
conseguiu trazer, está uma produção grega -falada em grego-
que discute a eletroacústica. Não
houve tempo de legendar.
A inclusão social promovida pela eletrônica é o assunto de "Mutiny". O filme traça um perfil da
influência dos artistas asiáticos na
música britânica. Aqui, segundo
entrevista do diretor Vivek Bald à
Folha, não há como falar apenas
de diversão. "O foco está na história do racismo e do anti-racismo
dos anos 70, 80 e 90, porque este
foi o contexto do surgimento desses artistas."
O mais curioso dos filmes do
evento é "Operação Cavalo de
Tróia", realizado por três estudantes paulistas. O filme mostra
a(s) tentativa(s) de invasão de
uma rave por várias dezenas de
jovens da periferia. Sem dinheiro,
eles driblam matas, rios, seguranças e cachorros para alcançar um
lugar à pista de dança.
"Ground... do Under ao Over",
que foi exibido na mostra SP Música, no mesmo CCBB, é indispensável para conhecer um pouco melhor como a música eletrônica passou de mera trilha em pequenos clubes de São Paulo para
protagonista de festas enormes e
lucrativas da cidade.
Livre Elétron
A eletrônica ganha espaço no
CCBB também com o festival Livre Elétron, que pretende dar espaço às experimentações do gênero, com artistas como Bojo,
Anvil FX e Loop B. Os shows
ocorrerão às terças-feiras.
SUPERSÔNICA. Onde: CCBB (r. Álvares
Penteado, 112, tel. 3113-3651). Quando:
de hoje a 18/4. Quanto: R$ 2 e R$ 4.
LIVRE ELÉTRON. Shows com Bojo,
Quarteto Fauré, Anvil FX e outros. Onde:
CCBB. Quando: hoje, 20/4, 27/4 e 4/5, às
13h e às 19h. Quanto: R$ 3 e R$ 6.
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