São Paulo, segunda-feira, 13 de junho de 2011

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CRÍTICA SHOW

Joshua Redman Trio rouba a cena diante de anticlímax de Wayne Shorter

CARLOS CALADO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Festival tem dessas coisas: quando menos se espera, a atração mais badalada de um elenco pode acabar em decepção.
Quem imaginaria que o show de Wayne Shorter, um dos mestres do jazz, seria o anticlímax da noite de abertura do BMW Jazz Festival? O fato de Shorter e seu quarteto terem desembarcado em São Paulo poucas horas antes do show (seu vôo procedente de Buenos Aires foi cancelado em função das cinzas do vulcão chileno) pode justificar em parte a pálida performance da última sexta, no Auditório Ibirapuera.
Mesmo assim é difícil aceitar que ele, um dos compositores mais originais do jazz, tenha dedicado 40 minutos de sua apresentação a uma peça que soou como um autocomplacente exercício de improviso.
Ainda mais com o pianista Danilo Pérez e o baixista John Patitucci, solistas de alta categoria, relegados à tarefa de tecer um pano de fundo sonoro para as frases esparsas do líder.
Quem roubou a noite foi o sensacional trio do saxofonista Joshua Redman, com o baterista Greg Hutchinson e o baixista Reuben Rogers.
Recriando standards, como "The Surrey with the Fringe on Top" e "Autumn in New York", ou destilando composições próprias, como a sombria "Ghost" e a vibrante "Insomnomaniac", Redman contagiou a plateia com improvisos excitantes, recheados de surpresas rítmicas e melódicas.
Primeira atração da noite, Billy Harper já não toca com a alta intensidade sonora que exibiu em sua primeira vinda a São Paulo, na década de 1980. Mas a ascendência fervorosa de John Coltrane (1926-1967) continua marcante no fraseado de seu sax tenor, como em "Illumination", uma de suas composições mais conhecidas.
Ao reler a delicada balada "Thoughts and Slow Actions", o veterano jazzista deu uma aula de interpretação e sensibilidade musical.

BMW JAZZ FESTIVAL
BILLY HARPER bom
JOSHUA REDMAN ótimo
WAYNE SHORTER regular



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