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ARTES PLÁSTICAS
Mostra na Pinacoteca apresenta trabalhos de 50 artistas, entre elas Anita Malfatti e Tarsila do Amaral
Irregularidade marca "Mulheres Pintoras"
Divulgação
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Detalhe de "Manacá" (1927), de Tarsila do Amaral |
FELIPE CHAIMOVICH
CRÍTICO DA FOLHA
"Mulheres Pintoras" é
mostra precária. Agrega
exemplares dissímiles de quadros
produzidos entre a segunda metade do século 19 e a década de
1960. Porém faz crítica ambígua à
situação feminina.
O texto de apresentação enfatiza
o caráter afirmativo do profissionalismo das pintoras como
emancipação social: "É o esforço
de sair desse universo da casa, em
que sua arte se vê confinada, em
direção ao mundo, onde almejam
alcançar o reconhecimento como
artistas, que marca a trajetória de
vida das melhores pintoras brasileiras".
O modernismo aparece como
conquista efêmera diante das
pressões familiares. É o caso de
"La Chambre Bleue (Nu)" (1925),
da artista plástica modernista
Anita Malfatti: o tosco estudo acadêmico, que em nada lembra a fase vanguardista anterior, é acompanhado por texto narrando os
dramas da artista.
Retrocesso estilístico
Tarsila do Amaral é representada tanto pelo "Manacá" (1927), da
fase antropofágica, como pela cópia de uma obra realista do próprio mestre, Pedro Alexandrino.
Assim, o academicismo parece retrocesso estilístico paralelo à repressão da mulher.
Contudo alguns dos melhores
exemplares da mostra são conformes ao acadêmico brasileiro: a
aquarela "Paisagem - Praia do Leme" (1896), de Maria da Cunha
Vasco, o óleo "Fazenda de Café
Paulista" (1892), de Georgina de
Castro, o "Auto-Retrato", de Bertha Worms, e o "Nevoeiro - Vista
do Alto de Higienópolis", de Beatriz de Camargo.
Mas tais exceções se perdem numa profusão aleatória de resultados amadorísticos, como a "Paisagem de Queluz, Minas", de Cecília Marinho.
Porcelana
Várias das artistas reunidas na
exposição dedicaram-se à pintura
de porcelana, inclusive sendo
professoras, como esclarecem as
biografias individuais junto aos
quadros.
Porém somente uma composição de quatro azulejos pintados
por Hilde Weber, "La Chartreuse", com versos de Paulo Mendes
de Almeida, representa a prática
da decoração de objetos, um dos
principais meios de profissionalização das mulheres pintoras.
A prática de ateliê produz algumas obras de interesse dentro do
conjunto: a paisagem urbana "Av.
Sumaré com Av. Turiassu"
(1946), de Renée Lefèvre, o "Auto-Retrato" (1950), de Tsukika Okayama, a "Paisagem com Igrejas"
(1966), de Djanira da Mota e Silva,
a "Figura Feminina", de Noêmia
Mourão, e o "Auto-Retrato", de
Emma Voss.
O conjunto dos quadros mostra
a irregularidade no manejo da
técnica pictórica, fato que independe de gênero e sexo. Além disso, a montagem das salas é confusa, havendo superposição excessiva de obras.
Mulheres Pintoras
Onde: Pinacoteca do Estado (pça. da
Luz, 2, Bom Retiro, região central, tel.
3229-9844)
Quando: de ter. a dom., das 10h às 18h;
até 4/10
Quanto: R$ 4 (estudantes pagam meia-entrada e o espaço tem acesso grátis aos
sábados)
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