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ARTES
Panorâmica reúne 119 obras
Amélia
Toledo abre
as portas
de sua obra
Fernando Chaves/Divulgação
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Amélia Toledo manipula uma de suas "Bolas Bolhas" na galeria do Sesi |
JULIANA MONACHESI
free-lance para a Folha
Alguns títulos de obras de arte
de Amélia Toledo: "Almofadas de
Cristal", "Fatias de Horizonte",
"Caderno de Terra, "O Cheio do
Oco", "Poço da Memória". A poesia começa pelo título. E se espalha pelos 1.000 metros quadrados
da galeria do Sesi, que inaugura
exposição da artista hoje.
Nunca a poesia de Amélia ganhou tanto espaço: são 119 obras,
constituindo uma panorâmica
dos seus 50 anos de trajetória artística. Amélia teve aulas com
Anita Malfatti, conviveu com Mira Schendel e Lygia Clark, com
cuja obra tem um diálogo perceptível nas peças dos anos 50 e 60.
As "Bolas Bolhas", que produzem espuma quando sacudidas, e
"A Onda", óleo e água tingidos de
cores diferentes, pedem a interação do público. "Nós compartilhamos o interesse pela cura por
meio da expansão da sensorialidade", diz Amélia sobre Lygia.
A proposta do trabalho da artista paulistana é integrar público e
obra o máximo possível. "Quando a gente chega à minha idade, é
importante ter conseguido atingir
um público maior, fora do circuito das artes." Maior reflexo disso
são suas obras públicas, como a
programação cromática da estação Cardeal Arcoverde do metrô
carioca e a instalação "Caleidoscópio" na estação Brás, em SP.
A exposição na galeria do Sesi,
em plena avenida Paulista, não
deixa de ter esse cunho. No sugestivo título "Entre, a Obra Está
Aberta" -referência à proposição de Umberto Eco sobre a importância do espectador no processo de fruição da arte-, muita
gente vê um convite irrecusável.
Durante os dias de montagem,
repetidas vezes os seguranças e a
equipe precisaram explicar que a
mostra ainda estava interditada.
Ao título soma-se a intrigante
obra "Magma", à vista de quem
passa em frente à Fiesp: um quartzo rosa distorcido no reflexo.
Em "O País das Pedras Verdes",
pedras polidas em algumas partes
revelam as marcas do tempo. Ela
encara a pedra como registro de
formação da terra. "Em biologia
existe o conceito de ressonância
amórfica, que indica haver uma
consciência de espécie que transmite hábitos, memórias", explica.
A ressonância é um vasto campo de pesquisa para Amélia. "É
uma relação que eu faço entre formas que encontro na natureza:
entre o leve e o pesado, o que está
acima e o que está abaixo", diz.
Há anos a artista desenvolve esse trabalho de garimpagem e colecionismo, como a estudar o universo. Herança do pai cientista?
Ela conta que praticamente nasceu dentro de um laboratório. "Se
meu trabalho tem algo com a
ciência, é com uma ciência ligada
à intuição e a outros enfoques que
não o racionalista", explica.
Exposição: Entre, a Obra Está Aberta, de
Amélia Toledo
Quando: abertura hoje, às 19h, para
convidados. Ter. a dom., das 9h às 19h.
Até 12/12
Onde: Centro Cultural Fiesp (av. Paulista,
1.313, tel. 284-0405)
Quanto: entrada franca
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