ALVARO MACHADO
especial para a Folha

"Hurlyburly - O Alvoroço" é o "representante heterossexual" do 7º Festival da Diversidade Sexual (Mix Brasil).
Um tanto fora de contexto, porque sexo é o que menos fazem os personagens dessa produção independente norte-americana, dirigida por Anthony Drazan.
Álcool, cocaína e maconha em doses maciças, além de obsessão com o trabalho, parecem ter substituído inteiramente os prazeres da cama para os personagens interpretados no filme pelos atores Sean Penn, Kevin Spacey, Chazz Palminteri, Robin Wright Penn e Meg Ryan.
Esses personagens pertencem ao segundo escalão da indústria cinematográfica hollywoodiana: um "promissor" figurante na casa dos 40 anos, sócios numa agência de casting (Sean Penn e Kevin Spacey) e suas mulheres, além das habituais semiprostitutas.

Decadência
Hollywood ostenta a atmosfera de dedadência que o filme retrata desde mais ou menos 1920, quando a indústria dos sonhos se firmou de vez.
Muitos filmes brilhantes, como "Crepúsculo dos Deuses", "A Noite dos Desesperados" ou "O Dia do Gafanhoto" abordaram o tema.
Como novidades, "Hurlyburly -O Alvoroço" centra o foco na arraia miúda do "star system", introduz o onipresente telefone celular e coloca as drogas em evidência escandalosa.
Tanto que recebeu classificação "R" (restrito) da censura norte-americana. A classificação impede que menores de 17 anos assistam ao filme sem a companhia dos pais ou de parentes adultos.
Os astros, que aceitaram trabalhar por salários muito abaixo de seus cachês para interpretar as situações claustrofóbicas originalmente criadas para o teatro, combinam com a decadência sugerida: Sean Penn mais canastrão que nunca, Chazz Palminteri apagado, Kevin Spacey de rosto vincado. As mulheres da trama, pisoteadas por um machismo disfarçado, tiveram melhor sorte com Robin Wright e até mesmo com Meg Ryan, aqui distante do seu tradicional papel de namoradinha da América.
É muito pouco para suportar quase duas horas de frias orgias regadas a pó, fumo, birita e recriminações.

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