São Paulo, segunda-feira, 13 de dezembro de 2004 |
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DRAMATURGIA Autor encerra ciclo "Dramáticos Paulistanos", no Sesc Carmo, com peça protagonizada pela classe operária Guarnieri vai a (re)leitura de "Black-Tie"
VALMIR SANTOS DA REPORTAGEM LOCAL O ator e dramaturgo Gianfrancesco Guarnieri, 70, é o convidado de hoje no encerramento do ciclo "Dramáticos Paulistanos", no Sesc Carmo. Organizado pela cia. Coisa Boa, o evento promove leitura da peça "Eles Não Usam Black-Tie", que estreou em 1958, no Teatro de Arena, encenada por José Renato. Na seqüência, o público é incentivado a ler trechos da obra. Guarnieri também participa de bate-papo com a platéia. Quando colocou ponto final em "Eles Não Usam Black-Tie", em 1956, Gianfrancesco Guarnieri, então com 21 anos, entrelaçou duas "entidades" até então julgadas quase incompatíveis: teatro e povo, como bem observou o crítico Décio de Almeida Prado (1917-2000). A peça expõe o impasse ideológico entre pai e filho, ambos moradores de um morro carioca e operários numa fábrica que atrasa os salários. O pai, Otávio, adere à greve. Tião, o rapaz, recua em nome do emprego e do sustento do filho que está para nascer. Na primeira montagem da peça, o jovem Guarnieri fazia o papel de Tião. As coisas se inverteram na adaptação para o cinema, pelo diretor Leon Hirszman, em 1981. O ator de ascendência italiana encarou o papel do pai. A leitura (ou releitura) de "Eles Não Usam Black-Tie" vem em boa hora. A peça contextualiza, de certa forma, as primeiras mobilizações do proletariado no país, que culminam no nascimento do Partido dos Trabalhadores (PT), em 1980, história resgatada neste ano pelo documentário "Peões", de Eduardo Coutinho, e indiretamente retratada no documentário "Entreatos", de João Moreira Salles, ambos em cartaz em São Paulo. A coordenação do evento é da atriz Magali Biff e da diretora Dedé Pacheco, que integram a cia. Coisa Boa. DRAMÁTICOS PAULISTANOS. Hoje, às 19h, leitura da peça "Eles Não Usam Black-Tie", com cia. Coisa Boa e o autor, Gianfrancesco Guarnieri. Onde: Sesc Carmo (r. do Carmo, 147, pça. da Sé, tel. 3105-9121). Quanto: entrada franca (30 vagas). Próximo Texto: Ciclo celebra Oficina e Oswald de Andrade Índice |
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