São Paulo, sexta, 14 de março de 1997.

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TEATRO
Dupla de atores traz a São Paulo hoje o espetáculo ``A Dama do Cerrado'', com texto e direção de Mauro Rasi
Susana Vieira e Otávio Augusto se deleitam

DANIELA ROCHA
da Reportagem Local

Susana Vieira e Otávio Augusto juntos em cena provocaram delírio no público carioca e trazem a partir de hoje a São Paulo a comédia ``A Dama do Cerrado'', que tem texto e direção de Mauro Rasi.
A dama em questão é a socialite Leda Florim (Susana Vieira), uma mulher que pertenceu à alta sociedade brasiliense porque foi amante de um ministro.
Abandonada por ele, Florim é automaticamente excluída das colunas sociais e das festas do cerrado onde se concentra o poder.
Irada, ela reencontra o antigo cabeleireiro gay, Fúlvio (Otávio Augusto), e, juntos, se drogam e escancaram a verdade -dos podres de Brasília até a situação de solidão e carência de cada um.
Apesar de se tratar de uma comédia, Susana Vieira e Otávio Augusto fogem dos estereótipos na interpretação de seus personagens.
``Para mim não é uma comédia. Leda Florim é uma mulher angustiada. Não faço uma caricatura da perua. Ela se sente abandonada pelo poder e pela cidade. Ninguém mais a recebe'', afirma Susana.
Já Fúlvio era o cabeleireiro amigo durante a pobreza que foi esquecido no momento da glória de Florim junto ao poder.
Ressentido, ele põe para fora sua visão mais mais ácida sobre a ex-cliente e todos os personagens públicos da cidade.
``Ele é o hilário meio trágico. É cheio de emoções. Suas palavras podem provocar no público tanto gargalhadas como nó na garganta'', disse Otávio Augusto.
A peça é datada nos anos 80, véspera da posse não realizada de Tancredo Neves. Nomes que ainda são atuantes na política nacional aparecem em cena.
``Rasi extraiu situações e personagens dos jornais. O que me deixa desesperançada neste país é que muitos escândalos acabam em pizza. A peça não é suficiente para rememorar todas as barbaridades, mas o teatro dá um chacoalhão nisso'', afirmou Susana.
Segundo ela, ``A Dama do Cerrado'' registra bem como quem está no poder é endeusado. ``A imunidade parlamentar é inaceitável. Pessoas do poder são muito piores que nós, simples cidadãos'', disse.
Esta é a quarta peça teatral em que Susana Vieira e Otávio Augusto trabalham juntos. A primeira foi ``Os Filhos de Kennedy'', em 1975.
Também integram o elenco Luciano Mallmann, no papel de Eládio, a paixão de Fúlvio, e Beatriz Lyra, no papel de Dona Maria Celina Medeiros de Rezende, a mulher do ministro que tinha Leda Florim como amante.

Peça: A Dama do Cerrado Texto e direção: Mauro Rasi Elenco: Susana Vieira, Otávio Augusto, Beatriz Lyra e Luciano Mallmann Quando: estréia hoje, às 21h; qui e sex, 21h; sáb, 20h e 22h30; dom, 19h Onde: teatro Jardel Filho (av. Brig. Luiz Antônio, 884; tel. 011/605-8433) Ingressos: R$ 28 (qui); R$ 32 (sex e dom); R$ 35 (sáb)

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