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TEATRO
Dupla de atores traz a São Paulo hoje o espetáculo ``A Dama do Cerrado'', com texto e direção de Mauro Rasi
Susana Vieira e Otávio Augusto se deleitam
DANIELA ROCHA
da Reportagem Local
Susana Vieira e Otávio Augusto
juntos em cena provocaram delírio no público carioca e trazem a
partir de hoje a São Paulo a comédia ``A Dama do Cerrado'', que
tem texto e direção de Mauro Rasi.
A dama em questão é a socialite
Leda Florim (Susana Vieira), uma
mulher que pertenceu à alta sociedade brasiliense porque foi amante de um ministro.
Abandonada por ele, Florim é
automaticamente excluída das colunas sociais e das festas do cerrado onde se concentra o poder.
Irada, ela reencontra o antigo cabeleireiro gay, Fúlvio (Otávio Augusto), e, juntos, se drogam e escancaram a verdade -dos podres
de Brasília até a situação de solidão
e carência de cada um.
Apesar de se tratar de uma comédia, Susana Vieira e Otávio Augusto fogem dos estereótipos na interpretação de seus personagens.
``Para mim não é uma comédia.
Leda Florim é uma mulher angustiada. Não faço uma caricatura da
perua. Ela se sente abandonada pelo poder e pela cidade. Ninguém
mais a recebe'', afirma Susana.
Já Fúlvio era o cabeleireiro amigo durante a pobreza que foi esquecido no momento da glória de
Florim junto ao poder.
Ressentido, ele põe para fora sua
visão mais mais ácida sobre a
ex-cliente e todos os personagens
públicos da cidade.
``Ele é o hilário meio trágico. É
cheio de emoções. Suas palavras
podem provocar no público tanto
gargalhadas como nó na garganta'', disse Otávio Augusto.
A peça é datada nos anos 80, véspera da posse não realizada de
Tancredo Neves. Nomes que ainda
são atuantes na política nacional
aparecem em cena.
``Rasi extraiu situações e personagens dos jornais. O que me deixa
desesperançada neste país é que
muitos escândalos acabam em pizza. A peça não é suficiente para rememorar todas as barbaridades,
mas o teatro dá um chacoalhão
nisso'', afirmou Susana.
Segundo ela, ``A Dama do Cerrado'' registra bem como quem está no poder é endeusado. ``A imunidade parlamentar é inaceitável.
Pessoas do poder são muito piores
que nós, simples cidadãos'', disse.
Esta é a quarta peça teatral em
que Susana Vieira e Otávio Augusto trabalham juntos. A primeira foi
``Os Filhos de Kennedy'', em 1975.
Também integram o elenco Luciano Mallmann, no papel de Eládio, a paixão de Fúlvio, e Beatriz
Lyra, no papel de Dona Maria Celina Medeiros de Rezende, a mulher
do ministro que tinha Leda Florim
como amante.
Peça: A Dama do Cerrado
Texto e direção: Mauro Rasi
Elenco: Susana Vieira, Otávio Augusto,
Beatriz Lyra e Luciano Mallmann
Quando: estréia hoje, às 21h; qui e sex,
21h; sáb, 20h e 22h30; dom, 19h
Onde: teatro Jardel Filho (av. Brig. Luiz
Antônio, 884; tel. 011/605-8433)
Ingressos: R$ 28 (qui); R$ 32 (sex e dom);
R$ 35 (sáb)
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